Chegada da Temu ao Brasil ameaça gigantes do comércio eletrônico

A empresa ao mesmo tempo que oferece produtos a preços acessíveis enfrenta críticas por preços predatórios e trabalho análogo a escravidão.

Por Redação Epoch Times Brasil
27/05/2024 14:16 Atualizado: 27/05/2024 14:16

A plataforma de comércio eletrônico Temu, propriedade da gigante chinesa Pinduoduo Holdings, está prestes a entrar no mercado brasileiro, intensificando a concorrência com grandes nomes do setor como Shopee, Shein e Amazon. Conhecida por seus preços extremamente baixos, a Temu utiliza um modelo de negócios que elimina intermediários, conectando diretamente os fabricantes chineses aos consumidores finais, o que permite uma oferta diversificada de produtos a preços competitivos​​.

A Temu já demonstrou sua capacidade de desestabilizar mercados estabelecidos nos Estados Unidos, onde superou a Shein em popularidade e ficou atrás apenas da Amazon em termos de downloads de aplicativos. No Brasil, a empresa promete replicar essa estratégia agressiva de marketing e preços, alavancando tecnologias de inteligência artificial para prever tendências de consumo e ajustar rapidamente sua oferta de produtos​​.

A entrada da Temu no Brasil foi facilitada pelo programa Remessa Conforme da Receita Federal, que permite a importação de produtos de lojistas estrangeiros sem a cobrança de impostos de 60%, desde que os produtos atendam a determinadas condições como preço abaixo de US$50​. Essa isenção pode conferir à Temu uma vantagem significativa sobre concorrentes que enfrentam uma carga tributária mais alta no país.

A estratégia da Temu inclui investimentos maciços em publicidade. Em 2023, a empresa gastou cerca de US$1,7 bilhão em campanhas de marketing, incluindo comerciais durante o Super Bowl, evento esportivo de maior audiência nos Estados Unidos. Esses esforços aumentaram em 25% o número de visitantes em sua plataforma global, enquanto os concorrentes Amazon e eBay registraram quedas no mesmo período​.

Além disso, a Temu utiliza técnicas de ludificação para aumentar o engajamento do usuário. Ao completar tarefas específicas, como realizar compras ou convidar novos usuários, os clientes acumulam descontos que podem até resultar em produtos gratuitos, uma tática que se mostrou eficaz para atrair uma base de usuários diversificada​.

Críticas a empresa

A Temu tem enfrentado várias críticas significativas desde sua expansão global. Aqui algumas dos principais pontos de crítica:

  1. Marketing agressivo e manipulação de dados: A Temu investiu pesadamente em marketing, inclusive gastando cerca de US$ 42 milhões em comerciais durante o Super Bowl, resultando em um aumento significativo de visitantes na plataforma. Esse marketing agressivo, que inclui o uso de microinfluenciadores para promover produtos, tem sido criticado por ser excessivamente manipulador.

  2. Brechas tributárias: A empresa tem sido acusada de se aproveitar de brechas tributárias para reduzir os custos de importação. Nos Estados Unidos, um terço dos pacotes que chegaram no último ano se beneficiou dessas brechas, levantando preocupações sobre a concorrência desleal​.

  3. Questões trabalhistas: Há denúncias de que a Temu permite a venda de produtos fabricados em condições análogas à escravidão e nõ permite um grande escrutíneo na empresa. A empresa responde a essas críticas dizendo que “proíbe estritamente” o uso de trabalho forçado, penal ou infantil por todos os seus vendedores.

  4. Concorrência Desleal: Concorrentes como Amazon, Shopee e Shein têm criticado a Temu por práticas de preços predatórios, que poderiam minar a sustentabilidade do mercado e prejudicar os pequenos varejistas.