Cerveró delata propina de US$ 6 mi a Renan Calheiros

19/04/2016 20:59 Atualizado: 19/04/2016 20:59

O ex-diretor da Petrobras e delator da Lava Jato Nestor Cerveró disse, nesta segunda-feira (18), em depoimento ao juiz
Sérgio Moro, que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recebeu US$ 6 milhões em propina, segundo reportagem do jornal O Globo. Cerveró disse também que a transação foi intermediada pelo lobista Jorge Luz, mencionado como um dos agentes de propinas na Petrobras, valor relativo a um contrato de afretamento do navio exploratório Petrobras 10.000.

“(Jorge Luz) foi o operador que pagou os US$ 6 milhões da propina da sonda Petrobras 10.000, foi o encarregado de pagar ao senador Renan Calheiros”, disse o delator em resposta à indagação da defesa de Salim Schahin sobre a participação de Jorge Luz no pagamento das propinas recebidas por Cerveró, que teriam sido transferidas no período da transação do navio-sonda, em 2006.

A investigação é sobre o acordo do ex-diretor para beneficiar a Schahin na contratação para a operação de um navio exploratório da Petrobras como meio de pagamento de um empréstimo do PT com o banco Schahin.

À Procuradoria-Geral da República (PGR), Cerveró já havia declarado, em delação premiada homologada, que Renan e o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) teriam sido beneficiados com a propina.

Renan Calheiros é hoje o encarregado de estabelecer o andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff depois que a Câmara validou o prosseguimento do processo. A denúncia contra o senador na delação de Cerveró foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo em dezembro do ano passado e ratificado pelo delator nesta tarde em seu primeiro depoimento depois de fechar um acordo de delação premiada.

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Na declaração que fez ao juiz Sérgio Moro, Cerveró também disse, conforme O Globo, que recebeu do então presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, a tarefa de servir-se de um contrato da estatal para liquidar uma dívida de R$ 50 milhões do PT da campanha de 2006.

De acordo com O Globo, o ex-diretor disse que se encontrou com Gabrielli porque estava sendo coagido pelo ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau a conseguir dinheiro para liquidar a dívida de campanha do PMDB, cujo valor variava entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões. Gabrielli teria dito:

— Vou te fazer uma proposta. Você deixa que eu resolvo o problema do Silas e você resolve o problema do PT. O PT tem uma dívida de R$ 50 milhões, decorrente da campanha, com o Banco Schahin, que precisa ser resolvida.

Então, segundo o jornal, Cerveró disse que já havia sido procurado pelo Banco Schahin, o qual queria utilizar sondas para a Petrobras em águas profundas, e que viu no contrato de operação da sonda Vitória 10.000 a oportunidade de solucionar o problema do PT.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), desmentiu “as imputações”. Renan “reafirma que já prestou as declarações necessárias, mas está à disposição para quaisquer novos esclarecimentos”.