CCJ aprova regulamentação da reforma tributária com exclusão de armas do Imposto Seletivo

CCJ aprova regulamentação da reforma tributária com exclusão de armas do Imposto Seletivo

Por Redação Epoch Times Brasil
12/12/2024 08:54 Atualizado: 12/12/2024 08:54

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou na quarta-feira (11) a regulamentação da reforma tributária. O Projeto de Lei Complementar (PLP) 68/2024, que segue para votação no plenário do Senado na quinta-feira (12), trouxe uma série de modificações no texto inicial.

Entre as alterações estão a isenção de alíquota para armas e munições no Imposto Seletivo — o “imposto do pecado” — e a inclusão da erva-mate e produtos de saneamento como itens de alíquota zero. O texto também adiou a definição da lista de medicamentos isentos, que será estabelecida por lei específica.

As mudanças geraram debates intensos.

Saneamento e cashback

A redução tributária para serviços de água e esgoto foi amplamente discutida. Eduardo Gomes (PL-TO) destacou que “o investimento em saneamento é investimento na saúde. Durante todo o debate e construção com o setor, estados, municípios e a Confederação Nacional dos Municípios, percebemos concordância sobre o tema”.

Jaques Wagner (PT-BA) criticou a generalização da medida. “O objetivo é nobre, mas estaremos dando essa redução para todos, ricos e pobres, e não para aqueles que merecem receber de volta pelo serviço de saneamento. O sistema de cashback é muito mais inteligente”, afirmou.

O cashback, uma inovação na reforma, permitirá que famílias de baixa renda recuperem parte dos tributos pagos sobre bens essenciais.

Isenção de armas e munições

A exclusão de armas e munições do Imposto Seletivo foi um dos pontos mais polêmicos.

Flavio Bolsonaro (PL-RJ) argumentou que “a tributação já é tão elevada que, se houver incidência do Imposto Seletivo, os preços se tornarão proibitivos”, o que poderia configurar confisco, segundo o senador.

Eliziane Gama (PSD-MA) contrapôs: “[A arma] dificulta o acesso ao instrumento e, por tabela, contribui para o combate à violência”, alertando para alegados riscos de facilitar o acesso à compra legal de armas.

Impactos econômicos e críticas

O Ministério da Fazenda calcula que a alíquota efetiva de impostos sobre consumo pode chegar a 27%, uma das mais altas do mundo. Rogério Marinho (PL-RN) criticou o impacto das alterações: “Cada emenda aprovada tem um impacto no processo arrecadatório”, afirmou.

Marcelo Castro (MDB-PI) rebateu: “Você tira de um lado, tem que aumentar para o outro. No final, a conta é zero. Então a sociedade vai pagar o mesmo”.

O projeto inclui uma trava para evitar aumento da carga tributária geral e medidas para proteger a cadeia produtiva, mas cada isenção ou queda de alíquota altera a alíquota geral de todos os produtos.

Próximos passos

Marcos Rogério (PL-RO) apontou insegurança no texto. “Estamos vendo colegas lendo um texto dizendo uma coisa e o relator dizendo outra. Não há segurança para votar esta matéria nos termos atuais”, disse.

Houve inclusive adiamentos de sessões do Congresso que foram estratégicos para garantir prioridade à reforma.

Caso aprovado, o projeto seguirá para a Câmara dos Deputados. A expectativa é concluir o trâmite ainda em 2024, permitindo que as novas regras entrem em vigor no prazo estipulado.