O convite do presidente Michel Temer ao ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso para comandar o Ministério da Justiça foi recusado nesta sexta-feira (17). Velloso alegou contratos de exclusividade com clientes em seu escritório de advocacia. A pressão da família, contrária, também pesou na decisão. O posto foi deixado por Alexandre de Moraes, indicado por Temer para o STF.
Temer e Velloso tiveram encontros ao longo da semana para debater as condições para sua posse. As reuniões foram confirmadas por Temer em sua conta no Twitter, em que afirmara que a nomeação do novo ministro da Justiça seria “pessoal, sem conotações partidárias” e que Velloso é seu amigo “há mais de 35 anos”.
Apesar da preferência explícita de Temer pelo ex-ministro, Velloso ainda se mostrava hesitante, mesmo tendo expressão o desejo de “servir o país”. Numa entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Velloso chegou a afirmar que, se assumisse o ministério, não ficaria mais que um ano, “não mais que isso”.
Um de seus clientes é o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que responde a dois inquéritos no STF originados na delação premiada do senador cassado Delcídio Amaral. Carlos Velloso é antigo amigo da família Neves e atua pro bono para o senador, acusado de maquiar dados do Banco Rural na CPI dos Correios e de receber propinas em suposto esquema de corrupção em Furnas.