Por iniciativa da deputada federal Bia Kicis (PL-DF), a Câmara dos Deputados fará, nesta sexta-feira (22), às 9h, uma homenagem ao empresário Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, que morreu, aos 46 anos, no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, há um ano.
Clezão, preso político pelos atos de 8 de janeiro de 2023, sofreu uma parada cardiorrespiratória durante o banho de sol na manhã de 20 de novembro de 2022.
De acordo com outros presos que estavam no pátio no momento do incidente, a médica do presídio teria demorado cerca de 40 minutos para chegar e prestar socorro.
Segundo os relatos, outros três presos políticos — o médico Frederico Rosario Fusco Pessoa de Oliveira, o dentista Vitório Campos da Silva e o motoboy Wellington Luiz Firmino, que teria experiência como brigadista — foram os primeiros a prestar auxílio, se revezando nas massagens cardíacas.
Frederico teria pedido aos guardas um desfibrilador, mas o presídio não tinha o equipamento disponível, o que também foi confirmado pelo relatório da Defensoria Pública do Distrito Federal.
Sob condição de anonimato, uma testemunha afirmou que o helicóptero com a UTI móvel só chegou dez minutos após a chegada da médica ao pátio, quando Clezão já estaria morto.
Clezão estava preso há dez meses e apresentava comorbidades. Laudos médicos alertando sobre o risco de morte súbita foram enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa do acusado chegou a solicitar diversas vezes ao ministro Alexandre de Moraes a liberdade de seu cliente por motivos de saúde.
Em 1º de setembro de 2022, quase três meses antes da morte, a Procuradoria-Geral da República emitiu parecer favorável à soltura, mas o pedido não foi analisado pela Corte.
“Nao podemos deixar a morte do Clezão ser esquecida”, disse Bia Kicis ao Epoch Times Brasil. “Há outros Clezoes ainda presos e novas tragédias armadas. Nossa obrigação moral é continuar nessa luta pela liberdade, até o fim.”
Pelas redes sociais, nesta quarta-feira (20), o deputado federal Marcel Van Hatten (Novo-RS) homenageou o empresário e afirmou que “a vida de Clezão não será em vão”.
“Um homem que representava o povo brasileiro decente e trabalhador, que não poderá ter justiça em vida por conta da perseguição cruel a que foi submetido”, escreveu Van Hatten. “Clezão se tornou um símbolo, junto com sua família, que segue forte e unida lembrando de seu legado todos os dias.”
O drama de Clériston passou a ser um emblema do projeto que tramita no Congresso para conceder anistia aos condenados pelas manifestações de 8 de janeiro. O empresário deixou a esposa, Edjane Cunha, e duas filhas, Kesia e Luiza.
Nesta terça-feira (19), estreou no YouTube o documentário “Clezão, o Patriota: A Verdade por Trás da Morte de um Patriota”. O filme, disponível em alguns canais, contou com um depoimento emocionado de Késia.
“Há um ano, arrancaram de mim não apenas um pai, mas meu maior exemplo, meu herói, meu melhor amigo”, desabafou a jovem. “A dor da sua ausência é uma ferida que nunca cicatriza, e o sentimento de injustiça só cresce ao lembrar da crueldade que o levou.”
Também nesta quarta-feira, o Partido dos Trabalhadores (PT) enviou ao presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), um pedido de arquivamento do projeto da lei de anistia.