Caatinga supera florestas tropicais ao absorver 5,2 t de carbono da atmosfera por ano em quase uma década

Estudos destacam o papel crucial do bioma na regulação climática, bem como no controle de erosão e polinização.

Por Redação Epoch Times Brasil
08/01/2025 13:21 Atualizado: 08/01/2025 13:21

Pesquisas realizadas por quase uma década demonstraram que a Caatinga tem capacidade notável de capturar e armazenar carbono da atmosfera. Coordenado pelo Observatório Nacional da Dinâmica da Água e do Carbono no Bioma Caatinga (OndaCBC), o estudo revela que, em média, o bioma retira 5,2 toneladas de carbono por hectare a cada ano.

É um valor que coloca a Caatinga, bioma exclusivo do Brasil, entre os maiores sumidouros de carbono das florestas secas ao redor do mundo, superando até mesmo as florestas da Amazônia.

O trabalho envolveu pesquisadores de instituições como a Embrapa Semiárido, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e o Instituto Nacional do Semiárido (INSA).

Os dados coletados nas torres de fluxo em Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte indicam que a Caatinga tem um desempenho superior em comparação com outras áreas secas mundialmente.

O professor Bergson Bezerra, da UFRN, liderou a rede de torres e destacou que, ao comparar os fluxos de carbono, a Caatinga mostrou valores de até 548 gramas de carbono por metro quadrado — número superior à maioria dos locais analisados.

A pesquisa revelou que as florestas tropicais sazonalmente secas, como a Caatinga, desempenham um papel fundamental na captura de dióxido de carbono (CO₂), ajudando a reduzir sua concentração na atmosfera.

Embora a temperatura, a radiação e a umidade da região se mantenham constantes, a principal variável que influencia o processo de captura de carbono é a quantidade de chuvas. Mesmo com precipitações modestas, as chuvas estimulam o crescimento da vegetação, aumentando a capacidade da Caatinga de atuar como um sumidouro de carbono eficaz.

O projeto tem como base a rede de torres micrometeorológicas que monitoram variáveis como temperatura, umidade, radiação solar, vento e pressão atmosférica, além das concentrações de dióxido de carbono e vapor d’água.

Os dados obtidos, tanto locais quanto internacionais, mostram que a Caatinga é altamente eficiente na captura de carbono, ajudando a diminuir os efeitos do aumento de CO₂ na atmosfera.

A Caatinga, que ocupa cerca de 11% do território brasileiro, tem se mostrado não apenas um importante reservatório de carbono, mas também um bioma de grande valor para a bioeconomia, ao oferecer uma gama de recursos para as comunidades locais, como frutos nativos, plantas ornamentais e fitoterápicos.

Para Aldrin Perez Marin, pesquisador do INSA, os resultados obtidos fornecem subsídios para iniciativas de crédito de carbono, que podem gerar benefícios econômicos e ambientais a curto e médio prazo.