Brasil volta a integrar a CELAC; entenda o que é o bloco regional

Decisão foi anunciada pelo Itamaraty

Por Agência Brasil
06/01/2023 16:27 Atualizado: 06/01/2023 16:27

Dois anos após deixar a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), o Brasil voltará a integrar o bloco regional, composto por outros 32 países. Segundo o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), a decisão foi anunciada aos representantes dos países-membros nesta quinta-feira (5).

A medida também foi comunicada aos governos de países e de grupos de nações com que a CELAC tem relações, como a União Europeia, China, Índia, Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) e da União Africana.

Ainda de acordo com o Itamaraty, o regresso brasileiro à CELAC ocorrerá “de forma plena e imediata, a todas as instâncias do mecanismo [de concertação regional], tanto as de caráter político como as de natureza técnica”.

“O retorno do Brasil à comunidade latino-americana de Estados é um passo indispensável para a recomposição do nosso patrimônio diplomático e para a plena reinserção do país ao convívio internacional”, sustentou o Itamaraty, em nota.

Histórico

A CELAC foi fundada em fevereiro de 2010, com a participação direta do Brasil, que, ainda em 2018, sediou a I Cúpula de Países da América Latina e Caribe, reunindo representantes dos 33 países (incluindo o Brasil) que integrariam a CELAC para discutir um projeto de integração regional.

Desde sua criação, a CELAC tem promovido reuniões sobre os diversos temas de interesse das nações latino-americanas e caribenhas, como educação, desenvolvimento social, cultura, transportes, infraestrutura e energia, além de ter se pronunciado em nome de todo o grupo por ocasião de assuntos discutidos globalmente, como o desarmamento nuclear, a mudança do clima e a questão das drogas, entre outros.

Em janeiro de 2020, o governo chefiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu suspender a participação brasileira no grupo. A medida foi anunciada pelo então chanceler, Ernesto Araújo. Em sua conta pessoal no Twitter, o ministro justificou a medida afirmando que “a CELAC não vinha tendo resultados na defesa da democracia ou em qualquer área. Ao contrário, dava palco para regimes não-democráticos como os da Venezuela, Cuba, Nicarágua”. O fim do bloqueio norte-americano a Cuba é uma reivindicação histórica do bloco.

Diplomacia

A decisão de reintegrar o Brasil à CELAC faz parte do projeto de “restaurar a diplomacia brasileira” e reconstruir pontes com países sul-americanos, anunciado pelo presidente Lula ainda durante a última campanha eleitoral.

Já eleito, Lula viajou para o Egito, onde participou da COP27, a Conferência do Clima das Nações Unidas. Na ocasião, ele disse que o Brasil está “de volta”, referindo-se ao desejo de assumir protagonismo global. Pouco depois, Lula anunciou que sua primeira viagem internacional já como presidente será para a Argentina, onde participará da Cúpula da CELAC, agendada para o fim de janeiro.

Segundo o chanceler Mauro Vieira, Lula pretende implantar uma política de reconstrução de pontes, em primeiro lugar com os vizinhos sul-americanos, restabelecendo todos os mecanismos de contato e negociação, e também com América Latina, em geral.

A CELAC segundo o ex-chanceler Ernesto Araújo

Em entrevista exclusiva cedida ao Epoch Times e à rede NTD, em dezembro, o ex-chanceler Ernesto Araújo, respondeu ao jornalista Marcos Schotgues sobre a CELAC. A entrevista pode ser conferida na íntegra aqui.

Em um trecho da entrevista o ex-chanceler fala sobre o que ele considerava ser uma das principais funções da CELAC, já em 2020, quando decidiu afastar o Brasil do bloco :

“E, além disso, a CELAC visava a, digamos, abrir as portas da América Latina para a China comunista. Uma das principais funções da CELAC é ser uma espécie de Organização dos Estados Americanos (OEA) sem os Estados Unidos, potência democrática, e com a China, potência totalitária. A China é que, digamos, tende a ser o grande beneficiário dessa integração. A CELAC é para facilitar a entrada dos interesses chineses, que são sempre interesses que entram a favor dos projetos totalitários na América Latina.”

Na segunda parte do documentário “As eleições do fim do mundo”, a influência e os interesses do regime comunista chinês no Brasil e na América Latina foram aprofundados, proporcionando uma visão detalhada dos riscos, objetivos e do estágio da “guerra irrestrita” em curso conduzida pelo regime chinês.

Com informações de Renato Pernambucano

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