A seca que o Brasil enfrenta em 2024 é a mais grave em 74 anos, desde o início dos registros históricos em 1950. Os dados são do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Segundo o órgão, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo Lula, 59% do território nacional está afetado pela estiagem, e a situação deve se prolongar até novembro devido ao atraso das chuvas.
O boletim de monitoramento de secas do Cemaden, referente a agosto e publicado nesta terça-feira (3), revelou que 3.978 municípios brasileiros enfrentavam algum grau de seca, com 201 deles em condição extrema. São Paulo liderava a lista com 82 cidades afetadas, seguido por Mato Grosso (73) e Minas Gerais (52).
Goiás (43 municípios) e Amazonas ( 8 municípios) também enfrentam situações extremas.
Nesta quarta-feira (4), o Serviço Geológico do Brasil registrou uma redução de 25 cm no nível do rio Negro em Manaus, capital do Amazonas, e no rio Solimões em Manacapuru, interior do estado.
A ferramenta utilizada para medir e monitorar a seca é o Índice de Precipitação Padronizado de Evapotranspiração (SPEI, na sigla em inglês).
“O SPEI funciona como um termômetro, que leva em conta duas coisas principais: a quantidade de chuva que cai e a quantidade de água que se perde por evaporação e transpiração das plantas”, explicou a pesquisadora e especialista em secas do Cemaden, Ana Paula Cunha. “A evaporação depende da temperatura: quanto mais quente, mais água evapora.”
Evolução da seca
No sábado (31), o Cemaden divulgou um gráfico mostrando a evolução da seca no país ao longo do tempo.
Embora a seca em si seja um fenômeno climático, a forma como um governo gerencia seus recursos e responde às suas consequências pode ter impacto significativo na gravidade e nos efeitos da estiagem.
A série histórica revela que a estiagem no Brasil se intensificou a partir de 1988, durante o governo de José Sarney. Até 2024, o episódio mais severo foi registrado em 2015, na gestão de Dilma Rousseff (PT).
No entanto, na época, a falta de chuva afetou apenas parte das regiões brasileiras.
Em 1998, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o Brasil também enfrentou uma seca severa, ainda assim foi menos intensa do que a atual.
Atualmente, a seca se espalha por mais de um terço do território nacional, cobrindo mais de 3 milhões de km², enquanto em 2015, a área afetada foi de 2,5 milhões de km².