O Brasil registrou um déficit de US$ 5,2 bilhões nas transações correntes em julho de 2024, segundo uma publicação do Banco Central (BC) de segunda-feira (26). O valor representa um aumento significativo em relação ao déficit de US$ 3,6 bilhões no mesmo mês do ano passado.
As transações correntes, parte essencial do balanço de pagamentos, registram todas as transações econômicas entre o Brasil e o exterior, incluindo a balança comercial, de serviços, e as rendas primária e secundária. Em julho, o déficit aumentou principalmente devido à piora na balança de serviços, cujas despesas líquidas subiram 50,3%, alcançando US$ 4,8 bilhões.
Na balança comercial, o Brasil registrou um superávit de US$ 7,1 bilhões, ligeiramente abaixo dos US$ 7,6 bilhões de julho de 2023. As exportações somaram US$ 31,2 bilhões, um crescimento de 9,3% em relação ao ano anterior, enquanto as importações aumentaram 15,2%, totalizando US$ 24,1 bilhões. O crescimento mais rápido das importações em comparação às exportações reduziu o saldo positivo da balança comercial.
A balança de serviços, que inclui despesas com transporte, viagens internacionais e propriedade intelectual, apresentou um déficit crescente. As despesas com transporte aumentaram 70%, alcançando US$ 1,6 bilhão, enquanto os gastos com serviços de propriedade intelectual subiram 51,4%, chegando a US$ 672 milhões. Esses dados mostram que o Brasil gastou significativamente mais com serviços contratados no exterior do que recebeu, agravando o déficit nas transações correntes.
Na conta de renda primária, que inclui pagamentos de juros, lucros e dividendos entre o Brasil e o exterior, o déficit foi de US$ 7,8 bilhões, uma leve melhora em relação aos US$ 8,2 bilhões de julho de 2023. A renda secundária, que abrange transferências unilaterais como remessas de emigrantes, teve um pequeno superávit, contribuindo positivamente para o balanço de pagamentos, mas insuficiente para compensar os déficits nas demais contas.
Os Investimentos Diretos no País (IDP), que refletem o capital estrangeiro investido no Brasil, tiveram ingressos líquidos de US$ 7,3 bilhões em julho de 2024. Esse resultado é positivo, indicando que os investidores estrangeiros mantêm confiança na economia brasileira. A maior parte desses ingressos veio da participação no capital das empresas, demonstrando que o Brasil continua sendo um destino atrativo para investimentos estrangeiros.
As reservas internacionais, ativos mantidos pelo Banco Central em moedas estrangeiras e títulos de alta liquidez, cresceram US$ 5,5 bilhões em julho, atingindo US$ 363,3 bilhões. Esse aumento foi impulsionado principalmente por variações nos preços dos ativos internacionais e pela valorização do câmbio. As reservas internacionais são um indicador crucial da capacidade do país de honrar compromissos externos e enfrentar crises cambiais.
Além disso, o Banco Central anunciou uma revisão trimestral dos lucros de investimento direto, prática iniciada em 2023. Essa revisão elevou as despesas de lucros de investimento direto no primeiro trimestre de 2024, de US$ 13,2 bilhões para US$ 14,5 bilhões. Esse ajuste, que incorpora novos dados econômicos, impacta diretamente os números de IDP e o déficit em transações correntes.