O Brasil registrou um déficit em transações correntes de US$ 3,1 bilhões em novembro de 2024, conforme dados divulgados pelo Banco Central. O valor representa uma deterioração significativa em relação ao mesmo mês de 2023, quando houve equilíbrio nas contas externas.
No acumulado de 12 meses, o déficit atingiu US$ 52,4 bilhões, o equivalente a 2,37% do PIB. O aumento reflete a alta nas importações, nas despesas com serviços e nos pagamentos de renda ao exterior.
O superávit comercial, que soma exportações menos importações, caiu para US$ 6,3 bilhões no mês. Isso representa uma redução de US$ 1,7 bilhão frente a novembro de 2023.
Enquanto as exportações cresceram apenas 0,4%, alcançando US$ 28,2 bilhões, as importações subiram 8,9%, totalizando US$ 21,9 bilhões. Essa disparidade indica maior consumo interno, mas também pressiona a balança de pagamentos.
Para a população, o aumento das importações pode significar preços mais altos em produtos que dependem de insumos externos, como alimentos e combustíveis. Isso afeta diretamente o custo de vida das famílias.
A conta de serviços também registrou um déficit elevado, somando US$ 4,7 bilhões em novembro, 24,6% a mais que no mesmo período de 2023.
Dentro dessa categoria, os gastos com transporte aumentaram 63,3%, totalizando US$ 1,5 bilhão. O custo elevado do frete e o maior volume de importações foram os principais fatores para essa alta.
Os serviços de propriedade intelectual apresentaram um crescimento de 90,6% nas despesas, atingindo US$ 641 milhões. Isso reflete maior dependência de tecnologias estrangeiras, impactando empresas e consumidores locais.
Já o déficit em renda primária subiu para US$ 5 bilhões, um aumento de 13,8% em relação ao ano anterior. Esse resultado inclui os pagamentos de juros e dividendos ao exterior.
As despesas líquidas com lucros e dividendos atingiram US$ 3,4 bilhões, enquanto os gastos com juros somaram US$ 1,6 bilhão. Esses recursos poderiam ser reinvestidos internamente, mas foram destinados a credores estrangeiros devido a obrigações financeiras.
Por outro lado, os investimentos diretos no país (IDP) seguiram fortes. Em novembro, os ingressos líquidos somaram US$ 7 bilhões, acima dos US$ 6,7 bilhões registrados no mesmo período de 2023.
Esses investimentos ajudam na geração de empregos e no crescimento econômico. Porém, o avanço do PIB, estimado em 3,5% para 2024, tem ocorrido com forte apoio do gasto público, financiado justamente pelo endividamento.
Esse modelo de crescimento, baseado em dívida, pode gerar pressões fiscais futuras. Isso inclui a necessidade de aumento de impostos ou cortes em serviços públicos essenciais.
As reservas internacionais totalizaram US$ 363 bilhões em novembro, uma redução de US$ 3,1 bilhões em relação ao mês anterior. O valor ainda é considerado elevado, o que ajuda a estabilizar o câmbio.
Apesar disso, o aumento no déficit em transações correntes pode gerar pressão sobre o real, tornando produtos importados mais caros e impactando a inflação, o que pressiona uma queda de reserva em dólar acelerada e mais aumentos nos preços.