No X Seminário Anual de Política Monetária organizado pela FGV IBRE na sexta-feira (24), o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, apresentou dados que revelam uma preocupante queda na atividade financeira no país e piora na projeção da dívida. A análise, baseada em diversos indicadores econômicos, destaca os desafios enfrentados pela economia brasileira em meio a um cenário global de incertezas.
Desaceleração econômica
Os indicadores de atividade econômica têm mostrado uma desaceleração significativa. Campos Neto destacou que, apesar da desinflação observada, a inflação geral e a média dos núcleos ainda permanecem acima das metas estabelecidas. Este fator contribui para uma redução no ritmo de crescimento econômico, impactando negativamente a confiança dos investidores e consumidores.
Setor de serviços e comércio
A desaceleração é particularmente notável no setor de serviços, que, embora resiliente, não conseguiu compensar as quedas observadas em outros setores da economia. Dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) indicam uma estagnação no crescimento. A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 foi revisada para baixo, com expectativas de crescimento modesto que não são suficientes para reverter os efeitos da crise atual.
Impacto da incerteza global
A economia global tem enfrentado um período de alta volatilidade e incerteza, influenciado por diversos fatores, incluindo tensões geopolíticas e mudanças nas políticas monetárias de países desenvolvidos. Este ambiente incerto tem exacerbado os desafios internos do Brasil, dificultando a recuperação econômica.
Déficit primário em crescimento
Os dados apresentados no seminário revelam um aumento significativo no déficit primário do setor público consolidado. Segundo o Relatório Focus do Banco Central, atualizado até 17 de maio de 2024, a mediana das previsões do mercado aponta para um déficit crescente. O Tesouro Nacional estima que o déficit primário poderá alcançar R$103,1 bilhões em 2024. Este aumento é preocupante e reflete a dificuldade do governo em controlar suas contas.
Dívida pública em trajetória ascendente
A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) continua em uma trajetória ascendente, com projeções indicando que pode chegar a 86,3% do PIB até 2032. Este aumento constante na dívida pública coloca uma pressão adicional sobre o orçamento do governo, que precisa destinar uma parte crescente de seus recursos para o pagamento de juros.
Percepção negativa do mercado
A percepção do mercado em relação à situação fiscal do Brasil também se deteriorou. Desde o último Comitê de Política Monetária (Copom), a avaliação dos especialistas revelou que 79% dos entrevistados consideram que a situação fiscal piorou. Este ceticismo reflete as preocupações com a capacidade do governo de implementar reformas necessárias para estabilizar as finanças públicas. Apenas 3% viram melhora na situação fiscal.