Esta quinta-feira (15) marca um dia histórico na diplomacia brasileira. Brasil e China celebram 50 anos de relações bilaterais, um legado do regime militar. Está programada uma sessão solene às 14h no Congresso Nacional em homenagem à data.
Em 1974, o então presidente general Ernesto Geisel retomou as conversas com a ditadura comunista, enquanto o mundo ainda experimentava as restrições da Guerra Fria.
Os vínculos entre Brasília e Pequim estavam suspensos desde 1949, devido à proclamação da República Popular pelo Partido Comunista Chinês (PCCh) após uma longa guerra civil no país asiático.
Em 1972, o então presidente dos Estados Unidos, o republicano Richard Nixon, viajou a Pequim, onde se encontrou com o ditador Mao Tsé-Tung.
A visita histórica, até então considerada improvável devido ao posicionamento anticomunista de Nixon, abriu precedentes para que o mundo restabelecesse as relações comerciais com o país sob controle de um regime totalitário. Foi o início da ascensão da China como potência mundial.
Primeira visita oficial
O primeiro presidente brasileiro a visitar a China foi o general João Figueiredo, em 1984, mais de uma década após o restabelecimento das relações bilaterais pelos militares.
Neste mesmo ano, foi assinado o Acordo para Cooperação nos Usos Pacíficos da Energia Nuclear, também em Pequim.
Apoio brasileiro
Em 1995, durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o Brasil declarou apoio à entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC).
O regime comunista só conseguiu finalizar a adesão ao órgão internacional em 2001, depois de assinar um protocolo com o prazo de 15 anos para se adaptar às exigências.
Parceiros comerciais
Em 2000, a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil na Ásia, posição que mantém até os dias de hoje. Em 2012, os chineses se tornaram os principais importadores de produtos brasileiros.
Para comemorar este meio século de relação, os dois países articulam a vinda do líder comunista Xi Jinping a Brasília para se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com o Itamaraty, os dois países têm muitos interesses em comum, especialmente no desenvolvimento, na indústria e na transição energética.
Visitas oficiais
Desde 1974, os presidentes brasileiros visitaram a China 11 vezes, enquanto os líderes chineses estiveram no Brasil 7 vezes durante o mesmo período.
A primeira visita de Lula à China aconteceu em 2004, durante seu primeiro mandato. Ao todo, o petista esteve quatro vezes no país comunista. A última viagem aconteceu em 2023.
A última vez que o ditador Xi Jinping veio ao Brasil foi em 2019, quando se reuniu com o então presidente Jair Bolsonaro (PL). A visita do líder chinês aconteceu por ocasião da cúpula dos BRICS ─ grupo de economias emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ─ realizada na capital federal.
Durante o encontro, os governos brasileiro e chinês assinaram atos de cooperação em diversas áreas, entre elas agricultura, transporte e investimentos.