Brasil e China assinam acordo para construção de satélite, analistas citam risco de espionagem

Por Redação Epoch Times Brasil
08/07/2024 14:39 Atualizado: 08/07/2024 14:48

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) anunciou em junho que o Brasil e a China assinaram o acordo para a construção conjunta do satélite CBERS-6. O INPE informou que o novo satélite será utilizado para monitorar desmatamentos, mudanças climáticas e recursos hídricos, com o objetivo de promover sustentabilidade e preservação ambiental.

O acordo assinado durante a VII Sessão Plenária da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), uma plataforma de coordenação Brasil-China, teve participação de membros da Administração Espacial Nacional da China (CNSA) e dos seguintes oficiais brasileiros: 

  • Geraldo Alckmin, vice-presidente do Brasil; 
  • Inácio Arruda, secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação — na ocasião representando a ministra Luciana Santos;
  • Clezio De Nardin, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O CBERS-6, sexto satélite do programa China-Brazil Earth Resources Satellite (CBERS) permite a coleta de dados para a gestão ambiental e a detecção de desmatamo ilegal. Noticiado como um avanço no setor, o lançamento do satélite é previsto para 2028.

O acordo prevê o compartilhamento de tecnologias e conhecimentos, além de fomentar a formação de especialistas brasileiros em tecnologias espaciais.

Suspeitas de Espionagem

Apesar dos benefícios da cooperação espacial anunciados, há preocupações com o histórico do país asiático em atividades de espionagem

Uma análise publicada pelo think tank americano CSIS (Center for Strategic International Studies) em janeiro pontua que a chamada carga SAR (Synthetic Aperture Radar) pode sugerir uso para fins de espionagem em certas ocasiões onde a tecnologia comumente não seria necessária. A tecnologia permite monitoramento estendido com menos restrições de condições climáticas.

“Ao contrário dos Estados Unidos, da Europa e da Rússia, a China enfatizou o desenvolvimento e a expansão de uma capacidade de vigilância óptica GEO e SAR de alta resolução. Embora existam aplicações civis para esses recursos, [essas necessidades] geralmente podem ser atendidas por satélites que operam em altitudes mais baixas, que são mais fáceis e baratos de alcançar e fornecem imagens de resolução mais alta do que as alternativas GEO”, disse Clayton Swope no artigo.

Swope foi líder de políticas públicas de segurança nacional e segurança cibernética em um projeto da Amazon para aumentar a conectividade global com satélites. Ele é vice-diretor do projeto de estudos de segurança aeroespacial do CSIS.

“Além disso, as aplicações civis, como agricultura, monitoramento ambiental e preparação para desastres, normalmente não necessitam dos custos extras associados à cobertura persistente, pois essas aplicações não têm requisitos de detecção e rastreamento de movimento. Veja, por exemplo, os programas de satélites civis equivalentes dos EUA e da Europa, Landsat e Copernicus”, seguiu Swope.

Em discurso no dia 30 de janeiro, o sargento Ron Lerch, integrante do setor de inteligência do Comando de Sistemas Espaciais das Forças Armadas dos EUA disse que havia preocupações sobre uma rápida expansão das capacidades militares de reconhecimento a partir do espaço.

Ele alertou que análises apontam que satélites supostamente civis estão cedendo informação ao Exército de Libertação Popular (ELP) — as forças armadas da China.