O Brasil se consolida como um dos principais participantes globais na produção de hidrogênio sustentável, atraindo mais de R$ 188 bilhões em investimentos. O país, com vasta disponibilidade de recursos renováveis, vê um aumento significativo em projetos voltados para a exportação de hidrogênio verde, destaca o relatório Hidrogênio Sustentável da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Apesar do potencial, a indústria do hidrogênio no Brasil enfrenta desafios significativos. A falta de um ecossistema de fornecedores e a escassez de profissionais qualificados impedem um crescimento mais rápido. Globalmente, a produção ainda é dominada por fontes fósseis, com a eletrólise representando uma pequena fração.
A eletrólise é um processo químico que utiliza corrente elétrica para separar a água em hidrogênio e oxigênio. Quando a eletricidade usada é de fontes renováveis, o hidrogênio produzido é considerado uma fonte de energia limpa e sustentável e é chamado de “hidrogênio verde”. O Brasil possui recursos renováveis abundantes, como energia eólica, solar e hídrica, que o posicionam de forma estratégica na produção de hidrogênio verde.
Na região Nordeste, projetos como o do Porto de Pecém, no Ceará, somam mais de R$ 188 bilhões em investimentos, focados na exportação de hidrogênio verde para a Europa, especialmente amônia. Outros estados, como Rio Grande do Norte e Bahia, também participam dessa expansão.
Mercado internacional e desvantagens no Brasil
Atualmente, 87 países possuem ao menos um projeto de produção de hidrogênio de baixo carbono. Os 10 primeiros países representam 3/5 do total de projetos: Alemanha (198), Estados Unidos (164), Austrália (147), Espanha (143), França (126), Grã-Bretanha (111), Holanda (89), China (81), Índia (79) e Dinamarca (61).
Em 2020, o comércio de hidrogênio dos EUA e da Alemanha movimentou cerca de US$ 11,75 bilhões, destacando-se como os maiores exportadores.
A ausência de incentivos fiscais específicos no Brasil coloca o país em desvantagem frente a nações como os Estados Unidos, onde subsídios chegam a US$ 3 por quilo de hidrogênio produzido. A normalização técnica e a infraestrutura também são pontos críticos que precisam ser abordados para que o setor avance.
Esperança na descentralização da produção
A produção descentralizada de hidrogênio, utilizando a energia renovável da rede elétrica brasileira, que já atinge 93%, é vista como a estratégia mais viável. Contudo, o custo da eletrólise ainda é elevado, variando entre US$ 3,0 e US$ 8,0 por quilo.
De acordo com a CNI, para aproveitar plenamente seu potencial, o Brasil precisa desenvolver uma política industrial robusta, focada na criação de uma cadeia de fornecedores e na implementação de um mercado de carbono.