Por Ezequiel Carneiro, Terça Livre
Na última dia 8 de julho, o presidente da Câmara, Arthur Lira, recebeu um forte recado do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, através de um interlocutor político. O ministro pediu para comunicar que não haveria eleições em 2022 se não houvesse voto impresso e auditável. As informações são do Estadão.
Braga Netto, quando deu o aviso, estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro repetiu o que disse o general.
“Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, afirmou Bolsonaro a apoiadores no Palácio da Alvorada.
Segundo o Estadão, Arthur Lira (PP-AL) teria dito a portas fechadas para um grupo seleto que via aquele momento com preocupação porque a situação era “gravíssima”.
O presidente da Câmara teve, então, uma longa conversa com Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Lira teria dito ao presidente que não contasse com ele para qualquer ato de ruptura institucional, que não aceitaria golpe.
O presidente da República respondeu que nunca havia defendido um golpe e que respeitava “as quatro linhas da Constituição”.
O analista político José Carlos Sepúlveda comentou no Boletim da Manhã desta quinta-feira (22) sobre o silêncio de Arthur Lira em questões importantes para o país.
“Lira foi lá e disse que não contem com ele para um golpe, mas, como assim? Ele já está colaborando para um golpe ao não ter feito uma declaração pública, taxativa, ele é presidente da Câmara e tem que defender as prerrogativas da Câmara. Mas não, ele não disse nada! É por isso que eu digo que nós estamos em uma narrativa invertida aqui, e quem estaria dando um golpe é quem não quer que as eleições corram de modo limpo”, afirmou.