Bolsonaro diz que ‘Argentina perde muito mais’ se romper acordos com Brasil

04/12/2019 22:58 Atualizado: 05/12/2019 08:12

Por Eduardo Tzompa

Durante a reunião desta quarta-feira que antecede a cúpula do MercoSur (Mercado Comum do Sul), o presidente brasileiro Jair Bolsonaro disse que a Argentina sofrerá mais danos se o novo presidente eleito Alberto Fernández decidir romper acordos comerciais entre os dois países.

De acordo com o Palácio de Alvorada, Bolsonaro disse que, apesar de não ter afinidade ideológica com o novo governo da Argentina, não romperá acordos comerciais e manterá uma relação pragmática com o país vizinho, informou a Folha de S.Paulo.

“A Argentina virou à esquerda. Vamos ao pragmatismo. Estamos lutando, a Argentina perde muito mais. Mas não quero perder um dedo. E continuaremos fazendo negócios ”, afirmou o presidente brasileiro.

“Temos que cumprir os acordos. Não podemos fechá-los porque perdemos credibilidade ”, acrescentou.

Dada a complexa situação econômica da Argentina, o presidente brasileiro criticou a possibilidade de o Banco Central da Argentina emitir papel-moeda em caso de uma possível crise.

Poucos dias após a posse de Fernández, o presidente Jair Bolsonaro realizará na quinta-feira a cúpula do Mercosul na cidade de Bento Gonçalves, cerca de 125 quilômetros ao norte de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul.

Um dos objetivos da reunião do Mercado Comum do Sul será a transferência da presidência pro tempore, que Macri ocupou, para sua contraparte brasileira.

Com esse encontro, Bolsonaro deixa claro que se distancia do próximo inquilino da Casa Rosada e se despede de um aliado com quem melhorou as relações bilaterais.
As relações diplomáticas entre São Paulo e o novo governo argentino estavam se distanciando desde que Bolsonaro anunciou sua ausência à investidura do peronista Alberto Fernandez.

Bolsonaro disse a repórteres: “Eu não vou”. Deixando claro que ele não pretende parabenizar seu colega argentino, considerando que seu país vizinho está passando por uma situação complicada.

Visão geral da reunião de ministros das Relações Exteriores do Conselho do Mercado Comum (CMC), no âmbito das atividades da cúpula do Mercosul na quarta-feira. A reunião de ministros das Relações Exteriores antecede a cúpula de que quinta-feira reunirá os presidentes da Argentina, Mauricio Macri e Paraguai, Mario Abdo Benítez, e a vice-presidente uruguaia, Lucía Topolansky, juntamente com o anfitrião Jair Bolsonaro, na cidade brasileira de Bento Gonçalves (EFE / Joédson Alves)
Visão geral da reunião de ministros das Relações Exteriores do Conselho do Mercado Comum (CMC), no âmbito das atividades da cúpula do Mercosul na quarta-feira. A reunião de ministros das Relações Exteriores antecede a cúpula de quinta-feira que reunirá os presidentes da Argentina, Mauricio Macri e Paraguai, Mario Abdo Benítez, e a vice-presidente uruguaia, Lucía Topolansky, juntamente com o anfitrião Jair Bolsonaro, na cidade brasileira de Bento Gonçalves (EFE / Joédson Alves)

Apesar do fato de que durante a campanha eleitoral ele rotulou Fernández como “bandido de esquerda”, o presidente brasileiro disse que não pretende adotar represálias contra o novo governo que terá a ex-presidente Cristina Fernández como vice-presidente.

Bolsonaro disse: “Desde que ele venceu, vamos em frente”. Mas ele disse que não concorda com o pedido do governo peronista de libertar o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, condenado a oito anos por corrupção.

Dadas as duras críticas de Bolsonaro, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Faurie, descreveu as declarações do presidente brasileiro como inadequadas.

“Há algumas expressões inadequadas, comentei em uma nota que enviei pessoalmente ao embaixador brasileiro “, disse Faurie, que insistiu em “preservar a importância do vínculo bilateral e o que isso significa” para ambos países que compartilham relações estreitas.