BC defende novas altas dos juros e monitora cenário fiscal de olho na inflação

Autoridade monetária eleva a Selic para 10,75% e mantém cautela sobre os próximos ajustes diante das incertezas econômicas externas e internas.

Por Redação Epoch Times Brasil
24/09/2024 18:56 Atualizado: 24/09/2024 18:56

O Banco Central (BC) defendeu uma alta gradual dos juros na reunião do Copom de 17 e 18 de setembro de 2024, elevando a taxa Selic para 10,75%. Segundo a Ata do Copom publicada na terça-feira (24), a medida visa controlar a inflação, ainda acima da meta.

Apesar da alta, o BC destacou que optou por não indicar a magnitude dos próximos ajustes na taxa básica de juros, citando a necessidade de acompanhar de perto os cenários econômico e fiscal.

O Copom observou que, embora as políticas fiscais tenham sido essenciais na recuperação pós-pandemia, o espaço para novas expansões é limitado. O aumento da dívida pública e as incertezas fiscais podem impactar a política monetária e elevar o custo de controle da inflação.

O comitê destacou que a credibilidade fiscal, com regras claras e transparência, é crucial para ancorar expectativas de inflação e reduzir riscos financeiros. O BC apontou que o aumento dos gastos públicos tem influenciado preços de ativos e expectativas do mercado.

Inflação Persistente

No cenário doméstico, o Copom apontou que a inflação continua alta, especialmente em serviços e bens industriais. As projeções para 2024 e 2025 são de 4,3% e 3,7%, acima da meta de 3%. O BC observou que o mercado de trabalho aquecido e a política fiscal expansionista têm sustentado o consumo, dificultando a desinflação.

“A desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê”, afirmou o BC.

O comitê alertou que a inflação de serviços, com maior inércia, pode continuar pressionada pelo mercado de trabalho aquecido e pela política fiscal que sustenta a demanda. Isso pode dificultar a convergência da inflação para a meta.

Alta Gradual e Monitoramento

O Copom discutiu a necessidade de manter uma política monetária contracionista para combater a inflação persistente, mas os membros concordaram que a alta dos juros deve ser gradual, permitindo monitorar os impactos e a evolução dos dados econômicos.

O comitê justificou a decisão de não informar a magnitude dos próximos ajustes na Selic pela incerteza nos cenários externo e interno. O BC afirmou que continuará ajustando a política conforme a inflação, expectativas de mercado e balanço de riscos.

Contexto Externo

O ambiente externo foi discutido, com ênfase nas incertezas econômicas dos EUA. A desaceleração da economia e a desinflação nos EUA ainda são incertas e podem impactar diretamente economias emergentes, como o Brasil.

O Copom destacou que, embora os bancos centrais das principais economias busquem a convergência da inflação, as particularidades de cada país têm resultado em menor sincronia nos ciclos de política monetária.