Baixa produção interna eleva importações em meio a alta do dólar e reduzem exportações em 2024

Por Matheus de Andrade
07/01/2025 13:48 Atualizado: 07/01/2025 13:48

O cenário da balança comercial brasileira em 2024 trouxe preocupações diante da fraca produção interna, que causou aumento nas importações e reduziu as exportações, cenário ainda mais prejudicial devido à alta do dólar.

Dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços na segunda-feira (6) mostram que as exportações brasileiras fecharam o ano em US$ 337,036 bilhões. Isso representa uma queda de 0,8% em relação a 2023.

Por outro lado, as importações cresceram 9%, totalizando US$ 262,484 bilhões. Apesar de um saldo comercial positivo de US$ 74,552 bilhões, o resultado evidencia dificuldades em aproveitar a alta do dólar para impulsionar as exportações.

A corrente de comércio — soma das exportações e importações — atingiu US$ 599,52 bilhões em 2024.

Esse valor representa um crescimento de 3,3%.

No entanto, a alta do dólar elevou os custos das importações, pressionando a inflação e os custos de produção.

Enquanto isso, a queda nas exportações, que poderiam trazer mais recursos ao país, o que não aconteceu, agravou o desequilíbrio comercial.

O agronegócio, setor mais importante da economia brasileira, foi um dos mais afetados em 2024.

As exportações do setor caíram 11% no acumulado do ano. Isso representou uma perda de US$ 9 bilhões em relação a 2023.

Entre os produtos mais impactados, a soja — principal item da pauta de exportação brasileira — registrou queda de 19,4%. Isso resultou em US$ 10,3 bilhões a menos em relação ao ano anterior.

Outros itens, como milho (-39,9%) e arroz com casca (-44%), também apresentaram retração significativa.

Em contrapartida, as importações do setor agropecuário aumentaram 25,6% ao longo de 2024.

Produtos como trigo e centeio (+26,8%), frutas frescas ou secas (+29,4%) e pescados refrigerados (+8,2%) figuraram entre os principais itens importados.

Esse aumento reflete a dependência crescente de insumos externos.

O custo desses insumos foi amplificado pelo dólar elevado, impactando os custos de produção e, consequentemente, os preços finais ao consumidor.

O mês de dezembro apresentou uma fotografia ainda mais crítica. As exportações do agronegócio despencaram 23,2% em comparação com o mesmo período de 2023.

Essa queda foi puxada pela redução de 57,1% nas vendas de soja e de 33,5% no milho.

No mesmo mês, as importações do setor cresceram 25,1%, com destaque para produtos como cevada (+518%) e borracha natural (+98,4%).

Além do agronegócio, a indústria extrativa também sofreu com o desempenho fraco das exportações ao longo do ano.

Apesar de um leve crescimento de 2,4% no acumulado de 2024, o setor registrou quedas expressivas em dezembro. Casos notáveis foram o minério de ferro (-37,3%) e os óleos brutos de petróleo (-39,8%).

Paralelamente, as importações da indústria de transformação cresceram 9,3%, pressionadas por itens como medicamentos e veículos.