Aumentam custos e desafios para o setor da construção civil, segundo CNI e FGV

Alta nos preços de materiais, falta de mão de obra e dificuldade de acesso a crédito têm gerado incertezas e afetado o desenvolvimento de novos projetos no setor da construção.

Por Matheus de Andrade
29/10/2024 20:54 Atualizado: 29/10/2024 20:54

Em setembro de 2024, o índice Nacional de Custos da Construção – Mercado (INCC-M) apresentou um aumento acumulado de 5,72% nos últimos 12 meses, de acordo com os dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Esse crescimento reflete uma série de desafios enfrentados pelo setor, como o encarecimento de materiais, pressão inflacionária e entraves relacionados à mão de obra.

Segundo o último levantamento divulgado pela FGV, os principais componentes que impulsionaram o aumento do INCC-M foram os custos com materiais e equipamentos, que apresentaram alta de 4,31% no período de 12 meses.

O valor cada vez mais alto das matérias-primas, como aço, cimento e tintas, continua afetando diretamente o preço final das obras.

Esse cenário também foi abordado na última sondagem realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que mostra uma visão preocupante dos empresários do setor da construção.

De acordo com o estudo, as empresas entrevistadas afirmaram que enfrentaram dificuldades em setembro para dar continuidade a seus projetos devido ao alto custo dos insumos.

A falta de previsibilidade dos preços e a volatilidade dos custos de materiais, além do encarecimento dos insumos, a escassez de mão de obra especializada é um problema recorrente.

Essa situação tem levado ao adiamento de cronogramas e ao aumento do custo operacional das construtoras, que, muitas vezes, precisam investir em treinamentos internos para garantir a execução das obras.

As dificuldades para encontrar profissionais, especialmente em áreas técnicas, indicam um descompasso entre a oferta de mão de obra e as exigências do mercado.

Outro ponto que tem afetado o setor é a dificuldade de acesso a crédito.

As altas taxas de juros tornam o financiamento de novos empreendimentos mais caro, limitando a capacidade de investimento das construtoras e afastando possíveis compradores, especialmente em segmentos de baixa renda.

O acesso ao crédito é um componente essencial para o crescimento do setor, contudo, a alta inflação têm gerado incertezas que dificultam a retomada de um crescimento sustentável, visto que forçam uma alta na taxa de juros.

A situação também impacta o consumidor final, que deve enfrentar dificuldades em adquirir imóveis diante de preços cada vez mais altos. O aumento dos custos de construção, somado à restrição do crédito e à elevação das taxas de financiamento, torna o sonho da casa própria mais distante para muitos brasileiros.