Anta é avistada em vida livre no Rio de Janeiro após mais de um século de extinção local

Registro no Parque Estadual Cunhambebe destaca sucesso em conservação ambiental; espécie desempenha papel crucial na Mata Atlântica.

Por Redação Epoch Times Brasil
09/01/2025 08:33 Atualizado: 09/01/2025 08:33

Após mais de um século sem registros, uma anta (Tapirus terrestris) foi avistada em vida livre no estado do Rio de Janeiro. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) confirmou o feito por meio de câmeras instaladas no Parque Estadual Cunhambebe, na região da Costa Verde.

A espécie, considerada extinta no estado desde 1914, reapareceu em registros que incluem até mesmo uma fêmea com filhote, evidenciando uma população em recuperação.

Ao todo, foram capturados 108 registros, resultado de monitoramentos realizados desde 2020 em parceria com a Vale.

A anta, conhecida como o maior mamífero terrestre do Brasil, desempenha um papel vital no equilíbrio ecológico da Mata Atlântica, atuando como dispersora de sementes.

Segundo Bernardo Rossi, secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, o retorno da anta representa um marco para a conservação ambiental e reflete o sucesso das políticas públicas em proteger a biodiversidade.

“Em episódios como esse, nos certificamos de que estamos no caminho certo. Essa redescoberta é um marco não só para o Rio de Janeiro, mas para a ciência”, enfatizou Rossi.

O Parque Estadual Cunhambebe, que cobre cerca de 40 mil hectares, se destaca em ações de preservação e educação ambiental.

O retorno da anta ao seu habitat natural no Rio de Janeiro ocorre em meio a um cenário preocupante de perda de biodiversidade no país.

Embora iniciativas como o projeto de reintrodução de espécies sejam promissoras, muitas outras continuam enfrentando sérias ameaças.

Espécies brasileiras em risco crítico de extinção

De acordo com a lista atualizada da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), divulgada em junho de 2024, 515 espécies de animais no Brasil estão “criticamente em perigo” de extinção. Essa classificação indica que o risco de desaparecimento é iminente, a menos que as ameaças sejam rapidamente mitigadas.

Uma das espécies mais icônicas em perigo é o maçarico-esquimó (Numenius borealis). A ave migratória, que já foi abundante nas costas brasileiras durante o século 19, não é avistada em solo nacional há pelo menos 150 anos.

Devido à caça excessiva, é considerada possivelmente extinta, com estimativas indicando menos de 50 indivíduos restantes globalmente, caso ainda existam.

Outro caso crítico é o do bagrinho-de-caverna (Ituglanis epikarsticus), um peixe endêmico encontrado exclusivamente na caverna São Mateus, em Goiás. A espécie enfrenta ameaças severas devido ao desmatamento, à contaminação por agrotóxicos e à redução da vazão do aquífero que abastece seu habitat.

O sapinho-admirável-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus admirabilis) também está na lista das espécies Criticamente em Perigo. Endêmico do Rio Grande do Sul, este pequeno anfíbio ocupa uma área de apenas 1 km² nas margens do Rio Forqueta. Sua população limitada, estimada em mil indivíduos, está sob constante ameaça devido à fragmentação do habitat.