O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), divulgado pelo IBGE na sexta-feira (09), registrou uma variação de 0,40% em julho de 2024, desacelerando em comparação a junho, que teve alta de 0,56%. Nos últimos 12 meses, o índice acumulou um aumento de 2,66%, acima dos 2,49% do período anterior.
Esses números refletem diretamente nos preços de imóveis e na capacidade de investimento do setor da construção, impactando tanto empresas quanto consumidores.
Aumento no custo por metro quadrado
O custo médio nacional da construção por metro quadrado aumentou de R$ 1.748,99 em junho para R$ 1.756,01 em julho. Embora o aumento pareça pequeno, ele impacta significativamente o preço final dos imóveis, especialmente em grandes projetos. Desse valor, R$ 1.009,31 são destinados a materiais e R$ 746,70 à mão de obra.
A alta nos materiais, de 0,30%, foi a maior desde outubro de 2022. Esse aumento é preocupante, pois os materiais de construção são insumos essenciais e difíceis de substituir. O encarecimento pode levar as construtoras a repassar os custos ao consumidor, resultando em imóveis mais caros.
Impacto regional e local
A análise regional dos dados revela que a região Nordeste foi a mais afetada, com uma variação de 0,60% em julho.
Em regiões como a Norte, onde os custos subiram em menor escala, os efeitos são mais moderados.
Desoneração da folha de pagamento e seus efeitos
O relatório do IBGE também considera os custos de construção sem a desoneração da folha de pagamento, uma política que visa aliviar encargos para as empresas.
Nesse cenário, onde é derrubada a desoneração, o custo médio por metro quadrado sobe ainda mais, chegando a R$ 1.870,73. Essa variação ilustra a dependência do setor de políticas fiscais que possam manter os custos sob controle.
Sem a desoneração, as empresas enfrentam maiores dificuldades para manter os preços competitivos, o que poderia desacelerar novos investimentos no setor.
Consequências para o mercado imobiliário
Com os preços em alta as incorporadoras podem adotar uma postura mais cautelosa, adiando ou reduzindo novos projetos, o que pode limitar a oferta de imóveis e pressionar os preços dos aluguéis, especialmente em mercados com alta demanda por habitação.
Para a população, isso significa um mercado imobiliário menos acessível. O aumento dos custos de construção tende a ser repassado aos consumidores, elevando os preços de imóveis novos e dos aluguéis. Em um cenário de juros altos e crédito restrito, esses aumentos podem dificultar ainda mais o acesso à moradia, especialmente para as camadas mais vulneráveis.