Alta no faturamento da indústria contrasta com desaceleração em produção e empregos

CNI registra crescimento de 3,1% nas vendas, mas capacidade ociosa e queda salarial é um alarme para setor.

Por Redação Epoch Times Brasil
11/12/2024 17:13 Atualizado: 11/12/2024 17:13

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou os resultados dos indicadores industriais referentes a outubro de 2024. O levantamento mostra sinais mistos para o setor, com avanços significativos no faturamento das indústrias mas com sinais de desaceleração.

De acordo com o relatório, o faturamento real, que mede o valor total das vendas realizadas pela indústria, ajustado pela inflação, registrou alta de 3,1% em outubro. Esse aumento reverteu a queda de 2,1% registrada em setembro.

A massa salarial e rendimento médio, que medem o total de salários pagos aos e o salário médio dos trabalhadores, também apontam para queda. A massa salarial real recuou levemente (-0,2%) em outubro. O rendimento médio seguiu a mesma tendência, com queda mensal de 0,2%.

A utilização da capacidade instalada (UCI), que mede o percentual da capacidade produtiva total da indústria que está sendo utilizada para produção, caiu 0,3% em relação a setembro, atingindo 79,4%.  Em comparação a outubro de 2023, a UCI permanece estável, com alta de apenas 0,1%.

Este nível indica que parte significativa da infraestrutura produtiva ainda está ociosa, apontando para uma subutilização dos recursos disponíveis.

O número de horas trabalhadas na produção também cresceu, registrando alta de 0,7% em comparação com outubro de 2024.

Já o mercado de trabalho industrial manteve-se praticamente inalterado. O emprego cresceu apenas 0,1% em relação a setembro, completando 13 meses consecutivos sem quedas mas desacelerando de maneira significativa.

Possíveis significações para queda simultânea de emprego e UCI

Embora o emprego industrial tenha apresentado estabilidade em outubro, uma eventual queda simultânea nos indicadores de emprego e utilização da capacidade instalada poderia sinalizar um enfraquecimento da indústria.

Esses dois indicadores, juntos, fornecem uma leitura importante sobre a saúde do setor produtivo.

Uma queda no emprego pode indicar menor confiança dos empresários no crescimento da demanda. Também pode refletir ajustes de custos em resposta a condições adversas, como pressões inflacionárias ou aumento nos custos de insumos.

Por sua vez, uma redução na UCI reflete uma subutilização da infraestrutura industrial. Isso pode estar associado à queda na demanda interna ou externa por produtos industriais.

Caso ambos os indicadores caiam ao mesmo tempo, o cenário pode representar:

  • Queda na demanda geral: A indústria ajusta sua produção e seu quadro de funcionários para níveis mais baixos de consumo ou exportação.
  • Problemas sistêmicos: Custos elevados, falta de competitividade ou entraves logísticos podem levar a reduções estruturais no setor.
  • Recessão ou desaceleração econômica: Períodos de retração afetam a produção e o emprego simultaneamente, comprometendo a capacidade de recuperação no curto prazo.

Cenário atual

Embora o relatório de outubro não indique quedas expressivas em emprego e UCI, a estabilidade nesses indicadores, combinada com a ociosidade persistente na capacidade instalada, exige atenção.

A indústria parece estar consolidando sua recuperação após um período de volatilidade, mas enfrenta desafios que poderiam comprometer seu crescimento no longo prazo.