Na manhã de quarta-feira (25), a Polícia Federal (PF) desencadeou a Operação Terabyte, que resultou no cumprimento de 144 mandados de busca e apreensão pelo Brasil. A ação levou à prisão de 60 suspeitos de armazenar e compartilhar material de abuso sexual infantojuvenil.
A PF contou com a colaboração da Agência de Investigação Interna dos Estados Unidos (Homeland Security Investigations — HSI). O objetivo foi identificar e capturar indivíduos que operam, principalmente pela internet, em atividades relacionadas ao armazenamento e disseminação de conteúdo ilegal envolvendo crianças e adolescentes.
Os mandados foram executados em 24 estados. Foi revelado que, além de produzirem o material, os abusadores também estavam envolvidos na venda das imagens.
Um caso, 5 mil arquivos
A operação, que mobilizou mais de 750 policiais federais e civis, foi realizada em todas as unidades da federação, e resgatou uma vítima em Santa Catarina, sobre a qual não foram fornecidos detalhes.
Um dos casos ocorreu em Brasília, onde um sargento da Força Aérea Brasileira, de 38 anos, foi preso após a PF encontrar 5 mil arquivos em seu computador, todos relacionados a abuso sexual infantil. Seu nome, contudo, não foi revelado.
Em resposta, o Comando da Aeronáutica afirmou que “repudia, veementemente, condutas que não representam os valores, a dedicação e o trabalho do efetivo”, em comunicado.
Outros suspeitos são: um fotógrafo de 59 anos em Taguatinga, que possuía mais de 20 mil arquivos, e um técnico de informática, com 39 anos, que armazenava cerca de 300 arquivos.
“Grooming”
A delegada Rafaella Parca, coordenadora da Divisão de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF, declarou que a operação revelou o uso crescente de técnicas de “grooming” — prática na qual abusadores ganham a confiança de crianças e adolescentes por meio de perfis falsos nas redes sociais.
Traduzido para o português como “preparo”, o grooming envolve a aproximação gradual, mediante a qual os criminosos coletam informações pessoais para manipular e ameaçar as vítimas, culminando em situações de exploração sexual. Parca classificou essa abordagem como uma forma de “estupro virtual” e alertou sobre os riscos envolvidos.
“O grooming é um aliciamento de abusadores pela internet. Eles conversam, ganham a confiança da criança e de adolescentes, usando perfis falsos. E aí, quando crianças mandam imagens, em troca de algo que interesse aquela faixa de idade (sorteios de celular ou assuntos do momento nas redes), ela passa a ser ameaçada”, explica a delegada.
Desde dezembro de 2023, a PF já havia cumprido 1.291 mandados de prisão relacionados a abusadores sexuais.
Apenas os estados Amazonas, Paraíba e Tocantins não tiveram detenções. Confira o número de prisões por estado:
- SP: 9
- DF: 5
- SC: 5
- RJ: 4
- RS: 4
- CE: 3
- MS: 3
- PA: 3
- PE: 3
- AL: 2
- ES: 2
- PR: 2
- RN: 2
- RO: 2
- RR: 2
- AC: 1
- AP: 1
- BA: 1
- GO: 1
- MA: 1
- MG: 1
- MT: 1
- PI: 1
- SE: 1