A Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) divulgou carta aberta enviada a seus associados a respeito do 26º Congresso Internacional da Sociedade de Transplantes (TTS), realizado em Hong Kong no período de 18 a 23 de agosto de 2016, manifestando seu apoio à organização internacional não-governamental DAFOH (Doctors Against Forced Organ Harvesting).
A DAFOH faz um apelo às mídias internacionais para que contatem os centros de transplante de órgãos locais de seus respectivos países para que declarem sua postura sobre o papel da China durante o 26º Congresso Internacional da Sociedade de Transplantes e sobre a extração forçada de órgãos, que viola todos os princípios éticos e declarações de direitos humanos.
Leia na íntegra o teor da carta aberta:
CARTA ABERTA
Sobre o 26º Congresso Internacional da Sociedade de Transplantes TTS
(Hong Kong, 18-23 de agosto de 2016)
A urgência de uma postura ética frente às evidências de violações dos direitos humanos na China:
1,5 milhão de pessoas assassinadas por seus órgãos
Enquanto sempre mais autoridades governamentais, como o Parlamento Europeu e o Congresso norte-americano, assim como as organizações internacionais de direitos humanos, unificam suas vozes contra a extração forçada de órgãos de pessoas vivas para fins lucrativos na China, a Sociedade de Transplantes TTS prepara o início do seu 26º Congresso Internacional de Transplantes, dando boas-vindas à China.
Apesar de ter declarado pública e firmemente que “é contra o uso de órgãos provenientes de pessoas executadas”, a Sociedade de Transplantes TTS convida como orador inaugural para o 26º Congresso Internacional de Transplantes o Dr. Huang Jiefu, cirurgião de transplante chinês, o qual reportou ter transplantado 500 fígados até 2012, segundo o que admitiu previamente, sendo 90% destes órgãos obtidos de presos executados. Isto implica em múltiplas violações das normas éticas da TTS e em sua responsabilidade:
Em relação ao comunicado oficial publicado pela TTS em seu site www.tts.org e com base nas exaustivas investigações levadas a cabo pelo ex-Secretário de Relações Exteriores do Canadá, David Kilgour, do advogado especialista em legislação internacional de direitos humanos, David Matas, e do jornalista britânico e membro adjunto da Fundação para a Defesa das Democracias, Ethan Gutmann, que publicaram em junho de 2016 um relatório[1] que revela evidências contundentes de que a China está usando os prisioneiros de consciência como fonte de extração forçada de órgãos para transplantes.
A organização internacional não-governamental DAFOH (Doctors Against Forced Organ Harvesting), indicada ao Prêmio Nobel da Paz de 2016, expressa a sua profunda preocupação em relação à inclusão da China feita pela Sociedade de Transplantes TTS no 26º Congresso Internacional de Transplantes, e faz um apelo à comunidade internacional para colocar questões importantes à Sociedade:
I. A TTS levou a cabo alguma investigação independente para atestar ou negar a existência da extração forçada de órgãos de presos de consciência na China?
II. Se na China “o número de centros de transplante reduziu-se de mais de 600 para 168”, segundo o que afirma o site www.tts.org, como a TTS explica o aumento do número de transplantes, se estes dependem exclusivamente de doadores?
III. Como a TTS explica a altíssima disponibilidade de órgãos humanos e o curtíssimo tempo de espera conseguidos pelos centros de transplante chineses?
IV. Dada a evidência de que os órgãos são obtidos de prisioneiros de consciência e de minorias étnicas e religiosas, incluindo praticantes de Falun Gong presos na China, a TTS levou a cabo uma adequada investigação independente e exaustiva sobre a origem desses órgãos?
V. Se a TTS declara que o “programa de doação de órgãos de pessoas falecidas deve estar livre de corrupção e de incentivos financeiros” (www.tts.org), isso não é contrário ao novo sistema de doação de órgãos que a China estabeleceu, baseado principalmente nas práticas de recrutamento, nas quais oferece incentivos financeiros aos familiares de falecidos pela doação de seus órgãos?[2]
VI. Se todas as sociedades médicas afirmam que o comércio de órgãos é um ato criminoso, mas a China admite a sua venda aberta[3], a TTS não considera que essa seja uma razão fundamental para expulsar a China de sua Sociedade?
VII. Qual é a sua postura sobre a Resolução 343, aprovada pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, ou sobre a Declaração WD48/2016 dos Eurodeputados, ambas adotadas em 2016, que exigem medidas para colocar um fim à extração forçada de órgãos na China?
Relembramos e frisamos que em sua Carta Aberta, de julho de 2016, a Sociedade de Transplantes expressa a sua postura baseada em uma “impressão”. A carta afirma: “Com respeito à China, nossa impressão é a de que houve uma mudança na política e na prática na China.”
Enquanto a carta expressa uma impressão, a Sociedade de Transplantes não aborda as múltiplas evidências apresentadas em exaustivas investigações que comprovam as graves violações de direitos humanos na China e que exigem ações urgentes que não podem ser omitidas devido a “declarações assinadas” por médicos chineses, nem devido ao envio a estes de “diretrizes para lembrar suas responsabilidades” e nem por “visitas dirigidas” a centros de transplante chineses escolhidos, como se menciona no comunicado oficial da TTS.
A organização internacional não-governamental DAFOH faz um apelo às mídias internacionais para que contatem os centros de transplante de órgãos locais de seus respectivos países para que declarem sua postura sobre o papel da China durante o 26º Congresso Internacional da Sociedade de Transplantes e sobre a extração forçada de órgãos, que viola todos os princípios éticos e declarações de direitos humanos.
Esforços internacionais para expor esse genocídio e parar com as mortes devido à extração forçada de órgãos na China:
I. Em 22 de junho de 2016, David Matas e David Kilgour, dois proeminentes defensores de direitos humanos canadenses, junto com Ethan Gutmann, jornalista investigativo britânico, que colheram evidências durante mais de 10 anos de que a China tem utilizado praticantes de Falun Gong, uigures, muçulmanos, tibetanos e cristãos como fonte para a extração forçada de tecidos humanos, apresentaram um relatório sem precedentes, que revela o modus operandi de mais de 700 hospitais e centros de transplante conhecidos na China. Este relatório concluiu que nos últimos 16 anos podem ter sido realizados entre 1 a 1,5 milhão de transplantes. Os autores estimam que os números reais de transplantes oscilam entre 60 mil a 100 mil por ano desde o ano 2000.
II. Em junho de 2016, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou a Resolução 343 contra a extração forçada de órgãos dos praticantes de Falun Gong na China, na qual seus membros denunciam tais práticas da China como “macabras” e “repugnantes”. (https://goo.gl/uXUz0N)
III. Em julho de 2016, os Eurodeputados assinaram a Declaração WD48, que exorta o Parlamento Europeu a tomar medidas – depois de ter aprovado uma outra resolução em 2013 – e exigir o fim imediato da extração forçada de órgãos de prisioneiros de consciência executados pelo Estado chinês, incluindo dos praticantes de Falun Dafa (http://goo.gl/6tWXHJ).
IV. A DAFOH entrega às Nações Unidas anualmente a “Petição para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pedindo o fim imediato da extração forçada de órgãos de praticantes de Falun Gong na China”, que já foi assinada por 2 milhões de pessoas, em 53 países, incluindo o Brasil (http://www.dafoh.org/pt-br/peticao-para-nacoes-unidas/) A quantidade de médicos transplantadores e especialistas em ética que vêm tomando conhecimento sobre o que ocorre no sistema de transplantes da China e apoiam a DAFOH tem crescido.
V. Documentários que expõem a extração forçada de órgãos na China têm vencido festivais internacionais de cinema (http://goo.gl/x0Rjnb):
• Colheita Humana (Human Harvest): www.humanharvestmovie.com
Trailer: https://goo.gl/KbcTgc
• Difícil de Acreditar (Hard to Believe): www.hardtobelievemovie.com/ Trailer: https://goo.gl/wBbaZU
• China Livre: A Coragem de Crer (www.chinalibrelapelicula.com/)
Para maiores informações, por favor, entrar em contato com:
Indira Sarabia (Porta-voz do Escritório Regional da DAFOH para a América Latina
Fone: (52) 555 – 939 – 8004.
Email: ramiro.coloma@dafoh.org
[1] http://endorganpillaging.org/wp-content/uploads/2016/06/Bloody_Harvest-The_Slaughter-June-23-V2.pdf
[2] Ex-Ministro da Saúde: Hospitais deixam de utilizar presos executados como fonte de órgãos para transplante (Capital Times; 05-03-2014)
http://news.china.com.cn/2014lianghui/2014-03/05/content_31674738.htm https://archive.is/WjyU4
[3] China lançará oficialmente a atribuição de órgãos para transplante e seguirá três grandes principios (Xinhua News Agency)
http://news.xinhuanet.com/politics/2013-02/26/c_114810548.htm