Professores levam crianças para pintar cavalo durante atividades escolares e geram imensa controvérsia

Por Robert Jay Watson
05/02/2020 23:02 Atualizado: 06/02/2020 03:16

Por Robert Jay Watson

Tudo começou como o que os organizadores pensavam ser uma atividade artística simples para crianças em idade escolar em um acampamento de verão. Mas a situação acabou terminando com um acalorado debate na internet sobre os direitos dos animais e como os cavalos devem ser tratados.

Um clube e escola de equitação na capital Brasília se encontrou no centro da controvérsia depois de permitir que as crianças usassem um cavalo branco de seus estábulos como uma superfície de pintura em vez de telas para uma atividade.

This teaches kids that animals are an 'objectified tool,' activists argue. https://trib.al/G0xLoQr

تم النشر بواسطة ‏‎Global News‎‏ في الأربعاء، ٢٥ يوليو ٢٠١٨

Quando a imagem do cavalo, coberta da cabeça aos traseiros em cores vivas, sua crina aparentemente tingida de rosa e um coração na garupa, começou a circular na internet, tornou-se viral e provocou a ira dos defensores do bem-estar animal.

Localizado na cidade de Brasília, o clube em questão decidiu deixar as crianças “rabiscarem” o cavalo como parte de seus esforços para familiarizá-las com os animais. Como o noticiário “J Serafim” relatou, a escola defendeu a atividade com base em que ela era feita com tintas  não tóxicas e que visava especificamente crianças com necessidades especiais ou que não se sentiam à vontade com os animais.

Imagem ilustrativa (Shutterstock | Pressmaster)
Imagem ilustrativa (Shutterstock | Pressmaster)

Mas para a ativista dos direitos dos animais e advogada Ana Paula Vasconcelos, o que a escola fez foi um ato de abuso. “Enquanto tentamos educar as crianças para que tenhamos uma sociedade mais consciente, que saiba respeitar todas as formas de vida, nos deparamos com um absurdo”, afirmou.

Para Ana Paula, a ideia de que o cavalo simplesmente existe para a diversão das crianças era completamente desumana. Como ela disse ao programa J Serafim: “Eles disseram que era um cavalo resgatado, mas isso não se justifica. A crueldade é a mesma.

Em seu post no Facebook, Ana Paula incentivou os amantes dos animais a se unirem a ela para expressar “repúdio a esse ato de desrespeito”.

Epoch Times Photo
Imagem ilustrativa (Shutterstock | Papava)

A escola equestre argumentou que o cavalo não foi prejudicado nem um pouco pela pintura e que a atividade foi positiva, que ensinaria as crianças a ficarem perto dos animais e a apreciá-los mais. Como Muriell Marques, gerente de marketing da escola, disse ao O Globo: “É uma tinta adequada para brincar com crianças. Se não machuca a criança, machuca o animal? ”

Além de qualquer dano que a tinta possa ter causado ao cavalo, outros apontaram a maneira problemática de incentivar as crianças a pensarem nos animais – como brinquedos, e não como seres vivos.

“Ao incentivar as crianças a pintarem os cavalos você pode, inadvertidamente, ensiná-las a ver os animais como mercadorias que não merecem nosso respeito”, disse Joanna Grossman, do Instituto de Bem-Estar Animal em Washington, D.C., ao Yahoo Lifestyle.

Agentes do Instituto Ambiental do Brasil vieram avaliar a condição do cavalo para determinar se ele havia sofrido com a experiência. “Segundo os inspetores, não houve maus tratos e o animal estava em boas condições”, disse o Instituto ao O Globo.

Quanto aos usuários de mídias sociais, eles parecem divididos sobre se o ato constituiu simplesmente uma interação inofensiva ou precisou ser condenado como abuso de animais. Um usuário respondeu à postagem de Vasconcelos, argumentando: “As crianças se divertiram muito e não é nada que um bom banho não possa resolver! Quantas vezes as próprias crianças se pintam?

Em uma coluna do site de notícias Metrópoles, o jornalista Sérgio Maggio argumentou: “Um animal não é um brinquedo para entreter crianças durante as férias”.

Em resposta àqueles que alegaram que a pintura não era grande coisa, um usuário do Facebook perguntou: “Por que a professora não pede às crianças para pintarem nela … veja como ela irá gostar”.

Outro usuário respondeu ao post de Ana Paula, afirmando que a pintura do cavalo era um problema menor em comparação com outros abusos dos direitos dos animais no país, especialmente os maus tratos a animais de carga em áreas rurais pobres.

Embora os dois lados ainda não cheguem a um consenso, felizmente o cavalo emergiu intacto na maior parte do tempo, e o debate gerado por sua participação (disposta ou não) fez as pessoas discutirem sobre como melhorar o bem-estar animal.