Depois de anos de isolamento internacional, a Argentina voltou oficialmente, como destacado na realização do Fórum Econômico Mundial (FEM) sobre a América Latina, em Buenos Aires, nos dias 5 e 6 de abril.
“A Argentina esteve isolada por 30 anos, tudo o que isso trouxe foi mais pobreza”, disse o presidente argentino Mauricio Macri na conferência de abertura do fórum no dia 6 de abril.
Após a inadimplência de sua dívida pública em 2001, a Argentina, sob as presidências de Nestor Kirchner e sua esposa e sucessora Cristina Kirchner, lutou com credores internacionais e evitou instituições globais como o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O presidente Macri, que foi eleito em 2015 numa plataforma pró-reforma, prometeu tornar o país competitivo novamente e abri-lo aos investidores internacionais. Hospedar um evento internacional como o FEM é o último de uma série de passos para reintegrar a Argentina no cenário global.
“O caminho a percorrer é a integração inteligente no mundo. Pensamos que esse é o caminho para o crescimento e um desenvolvimento mais rápido”, disse Macri.
Os primeiros passos foram dados em 2016, quando a Argentina emitiu títulos no valor de 16,5 bilhões de dólares para pagar os credores da inadimplência de 2001.
“[Macri] colocou a Argentina de volta no mapa geoeconômico e geopolítico”, disse Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do FEM na mesma conferência.
Luta doméstica
Como todos os reformadores, no entanto, Macri enfrenta ventos domésticos contrários, com o crescimento se mantendo em 0,5% no quarto trimestre de 2016, e a inflação continua alta em 2,5% ao mês, ou cerca de 30% ao ano.
“Queremos ser confiáveis, a confiança é o motor do crescimento em qualquer sociedade”, disse Macri, acrescentando que ele sabe que a inflação alta mina a confiança. “A inflação tem sido colocada no centro de nossa agenda, estamos baixando as taxas de inflação e precisamos trabalhar até chegar à inflação de um dígito que proteja os salários dos trabalhadores.”
Macri tinha removido subsídios na eletricidade e em outras utilidades, conduzindo a um aumento nos preços. Embora ele não tenha mencionado detalhes de como seu governo pretende combater a inflação, um aumento na produtividade reduziria a pressão sobre os preços, que em muitos casos são tão altos quanto em Nova York.
“Um país se desenvolve quando todos nós podemos crescer. E a base para o crescimento é o desenvolvimento pessoal por meio do trabalho”, disse ele, acrescentando que pretende “canalizar o enorme talento humano no país, juntamente com os enormes recursos naturais.”
O investimento em infraestrutura e a desregulamentação são outros elementos para aumentar a produtividade, disse ele.
No entanto, se o presidente é sério sobre controlar a inflação, ele precisa controlar a expansão da oferta de dinheiro. Como exposto pelo economista Milton Friedman, a inflação “é sempre e em todos os lugares um fenômeno monetário”.
Macri não mencionou essa importante variável. De acordo com o banco central argentino, a partir de fevereiro a oferta de dinheiro cresceu a uma taxa de 31,2% em relação ao ano passado. Macri terá que resolver esta questão, enquanto ele pede mais tempo para completar as mudanças de rumo econômico.
“Precisamos acreditar que este é um processo virtuoso. Não é mágica, nenhum país [numa situação semelhante] conseguiu fazê-lo em 15 meses.”