Esse homem cresceu sem telefone, agora ele está fazendo as ligações

06/07/2018 18:04 Atualizado: 06/07/2018 18:04

Por Andrew Thomas

“Eu costumava passar mais de duas horas no transporte público para chegar à escola todos os dias”.

Este homem enfrentou mais obstáculos do que se pode imaginar para alcançar o sucesso. No entanto, com muita garra e determinação, ele se tornou um dos empresários mais bem sucedidos do mundo.

Flávio Augusto da Silva cresceu no Rio de Janeiro, Brasil, sob algumas das condições mais difíceis possíveis.

Ele morava em um apartamento de 200 metros quadrados com seus pais, suas duas irmãs e sua avó. O espaço era apertado e eles tinham que dividir o único banheiro.

Augusto da Silva estava falando sério sobre sua educação: ele fez um grande esforço para aprender.

(Cortesia de Astrid Heine Hax)
(Cortesia de Astrid Heine Hax)

“Antes do ensino médio, eu costumava passar mais de duas horas dentro do transporte público para chegar à escola todos os dias”, disse ele ao Epoch Times em uma entrevista por e-mail.

Tendo crescido em uma comunidade pobre, ele tinha um desejo ardente de ter uma carreira profissional própria. Em 1991, quando tinha 19 anos, conseguiu seu primeiro emprego em televendas vendendo cursos de inglês.

“Eu estava muito feliz porque consegui um emprego. Foi minha primeira experiência profissional. O que mais me atraiu foi que eu poderia ser promovido desde que conseguisse bons resultados nesse trabalho”, explicou Augusto da Silva.

No entanto, seu novo trabalho exigia que ele tivesse um telefone.

(pixabay)
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Mesmo que sua família tivesse condições de ter um, havia uma longa lista de espera para se conseguir um telefone na cidade.

No entanto, Augusto da Silva era um jovem inovador. Ele usou sua iniciativa e teve uma ideia inteligente para superar esse obstáculo. Ele foi para o Aeroporto Santos Dumont, no Rio, e usou os telefones públicos de lá.

(pixabay)
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Por pelo menos três horas por dia, ele fez chamadas de televendas, usando seu próprio dinheiro para pagar por elas. O aeroporto tornou-se seu escritório.

“Havia pelo menos duas boas razões para usar telefones públicos nos aeroportos: primeiro, era uma atmosfera melhor em comparação com os telefones públicos nas ruas”.

“Segundo, também tínhamos ar condicionado, banheiros e também os anúncios sonoros muito charmosos que impressionavam os clientes ao telefone enquanto tentávamos marcar uma consulta com eles”, explicou ele.

Algumas pessoas poderiam ter encarado esse ambiente de trabalho como um problema. Para Augusto da Silva, na verdade foi a solução. Depois de três meses, ele foi promovido ao cargo de gerente de vendas júnior e conseguiu seu próprio escritório.

Ele trabalhou para a empresa que o contratou por quatro anos e ganhou várias promoções, galgando postos rapidamente dentro da firma.

Mas depois de quatro anos, ele detectou outro problema: os gerentes não estavam dispostos a investir para melhorar seu produto. Para o jovem ambicioso, essa era uma questão importante.

Então ele largou o emprego e começou a pensar no futuro.

(Cortesia de Astrid Heine Hax)
(Cortesia de Astrid Heine Hax)

Quase todos os cursos de inglês na época eram voltados para adolescentes e jovens que iam viajar para o exterior.

Ele tinha uma ideia prospectiva de como seria o mercado no Brasil em termos de venda de cursos de inglês, mas era uma ideia alternativa.

Augusto da Silva previu que haveria um grande afluxo de empresas estrangeiras para o Brasil, e saber inglês seria necessário para conseguir um bom emprego em uma dessas empresas.

(Cortesia de Astrid Heine Hax)
(Cortesia de Astrid Heine Hax)

“De fato, tentar convencer as pessoas nos anos 90 no Brasil de que no futuro falar inglês seria um requisito para conseguir um bom emprego foi extremamente desafiador”, lembrou Augusto da Silva.

Foi nesse momento que ele resolveu ficar por conta própria. Ele abriu sua própria empresa de cursos de inglês chamada Wise Up em 1995.

“Acredito que essa foi a coisa mais desafiadora que já fiz em toda a minha vida”, ele lembrou. “Eu não tinha nenhum tipo de suporte financeiro da família e também não acumulara dinheiro suficiente para começar o negócio.

“A única alternativa que eu tive foi pegar um empréstimo de US $ 20 mil do banco, pagando enormes juros: 12% ao mês”. O dinheiro foi suficiente apenas para reformar o escritório de sua nova empresa.

Facebook - Faça o mundo entender você. Faça Wise Up.
“Faça o mundo entender você. Faça Wise Up.”

Augusto da Silva contou inteiramente com as taxas de inscrição de novos alunos para pagar seus 18 funcionários, aluguel e despesas.

No entanto, sua intuição e sua aposta valeram a pena.

“Naquela época, muitas empresas internacionais desembarcaram no Brasil e o inglês era necessário para conseguir melhores oportunidades de emprego, como dissemos anos antes. E isso aconteceu!”, ele recordou.

De repente, houve grande demanda por seu produto e ele estava perfeitamente posicionado para tirar vantagem disso.

“Alcançamos mais de 1.000 alunos no primeiro ano. Um enorme sucesso”, lembrou ele.

O negócio decolou. No primeiro ano ele abriu uma segunda unidade em São Paulo. Essa escola matriculou 1.500 alunos em menos de um ano. Um ano depois, a Wise Up ganhava US $ 500 mil por mês.

Nos próximos três anos, a Wise Up abriu 24 novas unidades.

Após 18 anos construindo uma empresa de sucesso, ele decidiu que era hora de vender. Augusto da Silva vendeu a Wise Up por quase US $ 450 milhões em 2013, aos 39 anos.

(Cortesia de Astrid Heine Hax)
(Cortesia de Astrid Heine Hax)

“Durante 2013, dediquei meu tempo 100% à Geração de Valor, que é uma organização sem fins lucrativos que promove o empreendedorismo como uma forma de mudar a vida das pessoas”, explicou ele.

“Concentrei meu tempo na produção de conteúdo para ajudar os jovens a iniciarem seus próprios negócios”.

Em uma reviravolta estranha do destino, as coisas já não estavam indo bem com a nova gestão da Wise Up, e em 2015 o proprietário fez uma boa oferta.

Ele então comprou sua empresa original de volta.

Augusto da Silva não se arrepende.

“Eu me sinto muito confortável porque este é um negócio que eu realmente conheço muito bem”, disse ele.

E a empresa continuou a crescer sob sua liderança.

“Estamos crescendo organicamente nos últimos dois anos desde que voltei. No total, temos hoje mais de 420 escolas e temos muito a fazer, expandindo-nos organicamente e também adquirindo novos concorrentes”.

Hoje, Augusto da Silva divide seu tempo entre seus negócios, esposa e filhos, e o clube de futebol Orlando City, do qual ele é o acionista majoritário. E depois de tudo, ele continua humilde.

“Estou tão feliz hoje quanto estava quando não tinha dinheiro”, disse ele. “Isso significa que se eu perder tudo um dia, vou continuar rico”.

(Cortesia de Astrid Heine Hax)
(Cortesia de Astrid Heine Hax)