Catador brasileiro constrói escola para crianças: ‘paga tudo com o próprio dinheiro!’

'Fiz uma promessa que se minha vida tivesse continuidade eu ajudaria as pessoas'

01/12/2021 09:44 Atualizado: 01/12/2021 09:44

Por Celeste Armenta

Após passar por uma experiência de vida ou morte, um coletor de recicláveis do manguezal realizou a promessa de ajudar as pessoas, se sobrevivesse. Após 33 anos, ele continua cumprindo sua palavra e financia, com seu próprio dinheiro, uma escola no Brasil.

Sebastião Pereira Duque, com 66 anos, mora em Olinda, em Pernambuco, no Brasil, desde 1973, onde é catador de recicláveis no manguezal da região. Aos 33 anos, Pereira sofreu um ataque a faca ao qual achou que não sobreviveria.

Após essa experiência, o homem resolveu se comprometer: “Fiz uma promessa que se minha vida tivesse continuidade eu ajudaria as pessoas”, segundo o Razões Para Acreditar.

Pereira, então, iniciou um modesto projeto educacional que chamou de “Nova Esperança”. Inicialmente, o espaço da escola era um terreno baldio, que com doações e a colaboração da comunidade passou a ser um espaço com 2 salas de aula e um local para recreação, noticiou a mídia local, Leia Ja.

O modesto homem percebeu a falta de espaços educativos onde as famílias trabalhadoras pudessem deixar seus filhos. Além disso, as escolas municipais só aceitam crianças a partir dos 6 anos.

“O ensino é onde está a nossa luz, o nosso caminho. Só penso no futuro das crianças, que Deus ilumine o caminho delas, pois ainda hoje, apesar de todas as dificuldades, ele está iluminando o meu”, afirma Pereira.

Antes da pandemia global causada pelo vírus do PCC, o patógeno que causa a COVID-19, os 4 professores da escola atendiam 100 crianças, entre 2 e 6 anos. Para prevenir infecções, o número foi reduzido para 40 crianças, divididas em 2 turmas, e as aulas ministradas de judô e capoeira foram suspensas, segundo o Razões Para Acreditar.

Jacqueline Cavalcanti é uma das professoras do “Nova Esperança” há 10 anos. Ela recebe parte da contribuição que os pais dão à escola todo mês, apenas R$40.

“A Câmara Municipal só começa a acolher crianças a partir dos seis anos, e aqui já aceitamos a partir dos dois. Eles têm convivência, aprendem o que é uma escola, como se comportar, passam a reconhecer as letras nas ruas”, declarou Cavalcanti.

Para sustentar financeiramente a escola, Pereira trabalha de forma independente coletando resíduos de manguezais, e a contribuição dos pais é direcionada à pagar os professores.

“Eu não tiro um centavo das crianças. Esta taxa é para professores. E tudo na escola é de minha responsabilidade. Lanche, copo descartável, caderno, argila, água, luz. Eu pago por tudo”, afirmou Pereira.

Pereira ficou órfão aos 4 anos de idade e em seguida começou a trabalhar no campo. Além da escola “Nova Esperança”, o catador ajudou a construir 30 casas para pessoas da comunidade que precisavam de um lar. Tudo com materiais doados.

O catador encontrou uma forma de se manter ativo ajudando sua comunidade, e além da escola, também realiza a restauração de cadeiras de rodas, produz muletas e quando possui roupas ou alimentos, doa. Ele tem a filosofia de nunca aceitar dinheiro e, quando insistem, pede o equivalente em material de construção.

“As pessoas pensam que eu faço algo, mas não faço. Somos nós que fazemos. Todos compartilhando, nos unindo, dando uma mão, ficamos maiores”, afirma Pereira.

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