Amável professor espanhol aposentado encontra jovem sem-teto e o ensina na rua por um ano

Placa escrita pelo aluno morador de rua afirma, 'Por favor, ajude-me a trabalhar'

16/12/2021 15:05 Atualizado: 16/12/2021 15:06

Por Michael Wing 

Não era uma grande sala de aula, mas onde há vontade, há um caminho.

Embaixo da marquise de um banco na Espanha, um professor dedicado dá aula para um aluno solitário na calçada. A imagem daquela aula autêntica e comovente na rua chamou nossa atenção quando foi postada nas redes sociais e tornou-se viral.

Qual é o nome desse professor? César de Miguel Santiago, professor aposentado e cientista da computação do Banco de Vizcaya de Bilbao, o qual viu seu aluno de 35 anos, Evans Isibor, pela primeira vez há dois anos, dormindo na rua e sem conseguir encontrar emprego.

Desde o dia em que César, de 75 anos, acolheu Evans, os dois se tornaram uma espécie de celebridades locais, com os transeuntes gritando com eles de vez em quando: “Eles são heróis!”, escreveu o jornal El País. A foto dos dois foi publicada no movimento Good News do Instagram; eles também apareceram em manchetes nos jornais espanhóis.

(Cortesia de Evans Isibor)
(Cortesia de Evans Isibor)

É fácil para César sentir empatia, pois ele é um imigrante educado religiosamente, mas outro motivo para ajudar Evans é a história do jovem.

Vindo da Nigéria, aos 15 anos cruzou o deserto do Saara, Argélia e Marrocos em busca de uma vida melhor; posteriormente cruzou o Mediterrâneo de barco e desembarcou em Algeciras. Evans estava procurando trabalho e acabou em Bilbao. A placa escrita à mão na calçada onde ele às vezes pede esmola afirma: “Por favor, ajude-me a trabalhar”.

E é exatamente isso que César espera fazer.

“Eu afirmei a ele que poderia ajudá-lo como um professor que gosta de ensinar”, declarou  César ao Epoch Times. “[É sobre] as matérias ensinadas no ensino secundário, que é o título pelo qual Evans está lutando agora”.

Evans Isibor, de 35 anos (Cortesia de Evans Isibor) 
Evans Isibor, de 35 anos (Cortesia de Evans Isibor)

A cada dia, os dois se encontram por volta das 13h30 em frente ao banco na rua Rodríguez Arias 57, próximo à Plaza de Campuzano, para uma aula que vai até por volta das 15h. César o ajuda nos deveres de casa, certificando-se de que são feitos corretamente. Ambos usam os joelhos como escrivaninha.

“Eu desço de casa com um banquinho, minha cadeira!”, compartilhou. “Porque se eu sentar onde ele está, que é uma posição muito baixa, minha artrite vai me incomodar muito. O especial dessas aulas é que as pessoas, jovens e velhos, nos olham, nos encorajam”.

“O maior desafio pode ser o idioma [espanhol].”

Além do espanhol, o próximo grande obstáculo de Evans é a matemática, e ele não vai à sala de aula desde os 13 anos. “Já faz muito tempo que parei de estudar”, relatou ele ao jornal. “Tive que voltar para a escola e tudo parecia novo para mim. (…) Esqueci muitas coisas. Agora comecei do zero novamente”.

(Cortesia de Evans Isibor)
(Cortesia de Evans Isibor)

“Mas agora estou colocando em dia, revisando e entendendo como resolver problemas”, acrescentou Evans. “O professor César está me ajudando nos estudos, então estou muito grato por isso”.

Mas, além da inteligência dos livros, o professor César espera transmitir outra lição fundamental. “A ambição de todo professor é que o aluno entenda, ao invés de memorizar ou passar”, declarou ele. “Porque o que você entende hoje é a base para o que aprenderá amanhã”.

Felizmente, a história por trás dessa foto comovente pode ter um final brilhante; Evans espera passar no exame e ganhar o certificado no ano que vem.

E o que o futuro reserva? Seu sonho é conseguir um bom emprego.

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