Notícias falsas sobre Bo Xilai e Zhou Yongkang têm aparecido recentemente. As ficções geralmente se encaixam em quatro categorias.
Uma notícia comum falsa diz que o presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao discordaram sobre os casos de Bo e Zhou, e o conflito ofereceu a Bo e Zhou uma chance de sobreviver politicamente.
Outra diz que o ex-líder do Partido, Jiang Zemin, deu ordem para derrubar Bo, e o atual chefe do Partido Comunista Chinês (PCC), Hu Jintao, foi simplesmente a pessoa que executou a ordem.
Uma terceira categoria de notícias diz que Zhou se aposentará no 18º Congresso Nacional, ao invés de enfrentar a justiça por seus crimes, porque os membros do Comitê Permanente do Politburo não estão sujeitos à lei criminal.
A quarta diz que após o 18º Congresso Nacional, Hu entrará em “aposentadoria nua”, significando que ele não assumirá nenhuma posição honorária ou trabalho “consultivo”.
A razão de eu considerar todas as notícias falsas é que elas não conseguiram responder a uma pergunta básica, “Por que os militares juraram lealdade várias vezes a Hu antes e depois de Bo deixar seus cargos?”
Há pouca dúvida de que Wen estava determinado a lidar com Bo. Numa conferência de imprensa de 15 de março, Wen esperou por três horas até que um repórter perguntasse sobre Wang Lijun para que ele pudesse revelar sua opinião ao mundo. Se Hu discordasse da decisão de Wen, Hu teria o poder dos militares para parar Wen e poupar Bo.
Pelo contrário, depois de Bo deixar seus cargos, oficiais expressaram “seu apoio à decisão correta dos líderes centrais”, de acordo com a propaganda oficial. É evidente que Hu decidiu derrubar Bo. Se não fosse sua decisão, não haveria razão para fazer uma associação estreita entre “derrubar Bo” e “jurar lealdade a Hu Jintao”.
Aliados de Jiang estão tentando esconder uma característica do regime comunista, isto é, a “negligência causada pela ausência de um responsável”. Esta é a razão por que Jiang firmemente agarrou-se ao poder, servindo como presidente do Comitê Militar Central e arranjando para seus braços-direitos, como Zeng Qinghong, Luo Gan, e Zhou Yongkang, serem seus sucessores no PCC, quando ele deixou seus postos formais no Partido em 2002.
Um fato fundamental no regime é que a autoridade e a influência vêm do poder militar.
Vamos comparar Deng Xiaoping e Jiang Zemin. O seguinte é uma história instigante.
Em maio de 1992, Deng fez uma viagem de inspeção a Shougang, uma das maiores empresas de aço da China, acompanhado pelo então presidente da Shougang, Zhou Guanwu, e pelo prefeito de Pequim, Chen Xitong. Deng disse aos presentes que alguém desobedeceu ao que ele tinha dito recentemente e que Pequim tinha tomado medidas, enquanto alguns dos altos oficiais não fizeram nada. Em seguida, Deng pediu a Chen para “repetir suas palavras ao regime central que os opositores da nova teoria do 13º Congresso Nacional teriam de deixar seus cargos”. O 13º Congresso Nacional apresentou uma nova teoria ideológica que não justifica qualquer contribuição para o crescimento econômico.
O incidente criou ódio na mente de Jiang e foi o período mais arriscado em sua carreira política.
Enquanto isso, Yang Shangkun, presidente da República Popular da China de 1988 a 1993, e Yang Baibing, um general do Exército da Liberação Popular, declararam que os militares salvaguardavam a “reforma e abertura política”. Consequentemente, Jiang não teve escolha senão seguir Deng.
No 14º Congresso Nacional em 1992, Deng concordou com Jiang em purgar Yang Shangkun e Yang Baibing, que acabou sendo um ato que enfraqueceu o poder de Deng. Mais tarde, a influência de Deng sobre a política da China diminuiu. Em 1995, Jiang prendeu Zhou Beifang, o filho de Zhou Guanwu, e o fez ser sentenciado à morte. Em 1996, Chen foi detido. Jiang usou o caso de Zhou Beifang para atacar Deng Pofang, filho de Deng Xiaoping. Mesmo Deng Xiaoping, conhecido como uma figura forte, não podia fazer nada para evitar a negligência causada por sua ausência e proteger seu melhor amigo. Como poderia Jiang tomar qualquer ação?
Quando os militares juraram publicamente sua lealdade a Hu Jintao, a influência de Jiang diminuiu drasticamente. Não é nenhuma surpresa que a influência de Jiang seja menor que a de Zhou Yongkang. E, embora ainda haja dúvidas sobre a saúde de Jiang, mesmo que Jiang fosse capaz de pular e gritar, Hu poderia facilmente controlá-lo.
A terceira categoria de notícias diz que Zhou se aposentará pacificamente após o 18º Congresso Nacional. No entanto, este é uma notícia provavelmente falsa que Zhou e Bo estão usando para mostrar apoio. Depois de Bo ser destituído do Comitê Permanente do Politburo e do Comitê Central do PCC, boatos e notícias sobre Zhou foram divulgados rapidamente. A notícia foi tão poderosa e rápida que teve ainda mais consequência do que as histórias sobre Bo.
Depois de o Epoch Times prever em fevereiro que Zhou perderia sua posição, a Associated Press e outras mídias ocidentais têm publicado artigos sobre ele perder o poder.
Em 16 de março, um dia depois de Bo ter sido demitido de suas funções, uma história que eu escrevi chamada “Oito principais motivos de Zhou Yongkang deixar suas funções no 18º Congresso Nacional do PCC”, foi publicada. Hu, Wen, Xi Jinping e Li Keqiang, em consideração por sua segurança pessoal, disseram que não pegariam leve com Zhou, que tentou orquestrar um golpe com Bo Xilai, de acordo com informações internas vazadas. As regras internas do PCC são mais duras e severas do que as penas pelo crime de trair o país.
Na quarta categoria, se Hu deixará todos os seus cargos após o 18º Congresso do Partido, eu acho que a probabilidade é muito baixa. Depois de derrotar Zhou e Bo, Hu precisará manter a mais alta autoridade por um tempo, a fim de lidar com as estratégias de seus inimigos. É importante compreender que os conflitos internos são graves. Assim, quando dirigentes do Partido perdem seu poder, sua segurança pessoal em risco.
O 18º Congresso Nacional provavelmente será realizado dentro dos próximos seis meses, embora possa haver um atraso. Hu precisa desesperadamente do exército para apoiar e ser leal a ele, para que possa demolir a facção das “mãos ensanguentadas”, da qual Zhou é o líder.