Durante sua subida para se tornar a segunda maior economia mundial, a China pôs em prática uma simples estratégia mercantilista: a desvalorização da própria moeda e o aumento do crescimento através da exportação. Agora, em 2015, a estratégia da China parece estar tendo o efeito contrário.
Os relatórios econômicos publicados no dia 13 de abril indicam que as exportações caíram 14.6% em março, em relação a 2014, e as importações caíram 12.3%, comparada ao mesmo período. O superávit comercial da China diminuiu para míseros 18.16 bilhões de yuan, ou U$2.91 bilhões. Em meses positivos, este excedente pode chegar aos U$61 bilhões.
Este colapso não tem precedentes.
Sim, não é incomum que ocorra um abrandamento no comércio depois do Ano Novo Chinês, que este ano ocorreu no dia 18 de fevereiro. Contudo, este colapso foi sem precedentes.
“Esta é a pior performance, quando combinadas importações e exportações, desde o final de 2009”, escreveu Minggao Shen, analista chefe em China na empresa Citigroup.
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Então, o que aconteceu? A China se beneficiou por atrelar sua moeda ao dólar, desvalorizando-a em termos comerciais. Como resultado, foi possível obter um superávit comercial extremamente positivo e acumular uma enorme pilha de reservas em moeda estrangeira.
Esta situação funcionou bem durante a última década, até os Estados Unidos, Europa e Japão tomarem nota da estratégia da China e começarem a desvalorizar as suas próprias moedas. Ao longo de 5 anos, o euro perdeu 28% do seu valor em relação ao yuan; o yen perdeu 29% e até o dólar – que esteve em alta em relação a todas as outras moedas durante o ano passado – perdeu 9%.
Isto significa que os produtos chineses tornaram-se menos competitivos nos mercados internacionais, e esta tendência tem-se refletido nos dados relativos às importações e exportações desde o final do ano passado. Certamente, não é benéfico para as exportações chinesas que o Japão e a Europa tenham estado à beira da recessão durante a maior parte desse período.
As boas notícias é que a China, agora, pode comprar mais produtos baratos do exterior. Por isso, mesmo que o volume total de importações se mantenha o mesmo, a quantidade de dólares (ou de yuan) irá decrescer devido aos preços mais baixos.
A queda das importações, contudo, também reflete a desaceleração da economia chinesa como um todo, cujo crescimento abrandou para 7.3% em 2014, o mais baixo em décadas.
Para os Estados Unidos, mesmo com o dólar globalmente mais forte, os resultados comerciais estão sendo positivos. As importações provenientes da China diminuíram em US $ 7 bilhões, ou 20%, de janeiro a fevereiro de 2015, de acordo com dados dos EUA. As exportações para a China, entretanto, reduziram apenas US $ 1 bilhão, ou 11%.
* Gráfico feito pela Tranding Economics