O doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato da Polícia Federal, aceitou acordo de delação premiada proposto pelo Ministério Público e se comprometeu a entregar tudo o que sabe sobre a engrenagem bilionária que envolvia desvio de recursos públicos, inclusive da Petrobras, tráfico de cocaína para a máfia italiana Ndranghetta e lavagem de dinheiro. O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, foi informado da decisão na tarde desta terça-feira (23).
Como é contra a delação, ele está deixando a defesa de Youssef. O doleiro, que foi preso em março, é peça-chave do esquema que também contava com a participação de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Costa também aceitou a delação premiada e já entregou aos investigadores nomes de políticos que receberam dinheiro sujo. Kakay havia se comprometido a defender Youssef no Superior Tribunal de Justiça desde que o réu não topasse a delação premiada.
O advogado é contra o instituto: “Acho que há uma inversão do papel do Estado, que prende a pessoa e a submete a uma pressão desumana”, disse. Segundo Kakay, o pedido de familiares foi decisivo para que Youssef aceitasse o acordo. Na semana passada, o doleiro foi condenado a quatro anos de prisão por seu envolvimento no caso Banestado, na década de 1990. Com os crimes descobertos pela Polícia Federal na investigação da operação Lava Jato, a pena somada pode chegar a quase um século ou mais. O acordo de delação pode reduzir o tempo de prisão.