Yin e Yang: O mistério dos opostos

14/08/2012 03:00 Atualizado: 14/08/2012 03:00

O símbolo do Yin-Yang. (Wikimedia)A teoria do Yin-Yang afirma que todas as coisas na natureza têm dois lados opostos, mas complementares.

Historicamente, os chineses compreendem que todo e cada aspecto da vida diária é regulado por uma natureza bipolar, duas forças aparentemente opostas e complementares que se encontram em todas as coisas.

Vida e morte, bom e mau, claro e escuro, silêncio e som, calor e frio, movimento e quietude, mente e corpo, masculino e feminino…

Mas de onde vem esta dualidade que permeia tudo a nossa volta?

Diz a lenda que quando Pangu, o Deus da criação, viu que o céu e a terra estavam bem formados e estáveis, ele morreu, mas antes disso usou seu corpo para criar um mundo generoso e belo. Seus membros se tornaram montanhas, o seu sangue deu origem aos rios, seus músculos formaram os campos, sua pele e seu cabelo se converteram em uma miríade de plantas e animais. O ar que exalou formou o vento e as nuvens, e seu som tornou-se o estrondo dos trovões. Seu suor tornou-se o orvalho da manhã e a chuva nutritiva.

Mas quando o olho esquerdo de Pangu tornou-se o sol e o olho direito a lua, o universo foi dividido em Yin e Yang, a “esquerda macho” e a “direita fêmea”, a grande dualidade na qual se baseia a Escola Tao para desenvolver sua teoria dos opostos.

A teoria do Yin-Yang afirma que todas as coisas na natureza têm dois lados opostos, mas complementares. De acordo com essa idéia, cada pessoa, objeto ou pensamento tem um complemento de que depende para sua existência e que, por sua vez, existe dentro de si. Disto resulta que não existe nada na forma pura, nem em silêncio absoluto, mas uma transformação contínua. Além disso, qualquer ideia pode ser vista como o seu oposto quando vista de outra perspectiva.

Normalmente, são considerados Yang as coisas em movimentos violentos, externas, ascendentes, quentes ou luminosas. As coisas relativamente calmas, internas, descendentes, frias ou apagadas são consideradas Yin. Quanto ao céu e a terra, o céu que é claro e nítido é considerado Yang, e a terra que é pesada e opaca é considerada Yin. Quanto à água e ao fogo, a água pertence ao Yin, pois é fria e úmida, enquanto o fogo pertence ao Yang, pois libera calor e queima.

A teoria do Yin-Yang explica que os cinco elementos (madeira, água, fogo, terra e metal) representam a relação fundamental das mudanças. Os cinco elementos estão em movimento perpétuo, condicionando a geração mútua e inibição mútua, onde o Yin e o Yang formam um equilíbrio dinâmico: quando um aumenta o outro diminui. O desequilíbrio é apenas circunstancial, porque quando um cresce em excesso, força o outro a se concentrar, o que acaba por provocar nova transformação. Por exemplo, excesso de vapor nas nuvens (yin) provoca a chuva (yang).

Há uma descrição no “Charte Taichi” de Zhou Dunyi: “O vazio infinito produz o Tai Chi; o movimento do Tai Chi gera Yang; quando o movimento torna-se extremo, transforma-se em paz de espírito e paz de espírito gera Yin; quando a paz mental torna-se extrema, transforma-se novamente em movimento. O movimento e a paz de espírito, uma coisa origina a outra, o Yin e o Yang são diferentes e opostos.” É desta forma que o “Tai Chi gera Yin e Yang” e “Quando os dois interagem um com o outro, uma infinidade de coisas acontecem. Desta forma, uma coisa produz a outra e as mudanças são infinitas.”

Esta é a melhor e a mais compreensível explicação do conceito de Yin e Yang dada pelos sábios do passado no Livro das Mutações.

Homem esquerda, mulher direita

Os antigos chineses dizem que tudo pode ser definido pelo seu comprimento, espessura, magreza, etc. Costumavam classificar todas as coisas: se eram gordas, largas, altas e estavam localizadas no lado esquerdo eram classificadas como Yang, enquanto que as coisas pequenas, curtas, baixas e localizadas do lado direito eram classificados como Yin. Yang é firme e forte, e Yin é doce e fraco. Em termos de temperamento, o homem é masculino por pertencer ao Yang, à esquerda; enquanto a mulher é amável e doce por pertencer ao Yin, à direita.

O Yin é o feminino, a terra, a lua, a noite, o silêncio, a sombra, baixo, frio, brando.

O Yang é masculino, o céu, o sol, o dia, a luz, a atividade, o movimento, ascendente, quente, duro.

O Yin é o repouso e o Yang é o movimento, e quando interagem geram ciclos constantes de mudança em que cada um se converte no outro; quando o Yin entra em declínio, aparece o Yang e vice-versa. É uma interação incrível que gera emissões de energia que dão vida a todos os seres.

Ao contrário do pensamento ocidental, onde os opostos se opõem, sem qualquer relação entre eles, como se fossem duas coisas separadas, a compreensão oriental do Yin e Yang convida-nos a perceber que a dualidade é a verdadeira unidade, porque os opostos não podem existir um sem o outro.