BELÉM, Pará – A extração criminosa de órgãos de prisioneiros executados na China foi discutida durante o XII Congresso Brasileiro de Transplantes, entre 1º e 4 de outubro em Belém.
A questão foi levantada numa apresentação por praticantes brasileiros do Falun Gong e causou grande interesse em aprofundar o debate sobre a ética no transplante.
Com foco em avanços tecnológicos e soluções para problemas médicos, apenas dois artigos trataram da questão ética.
Numa entrevista exclusiva ao Epoch Times, o professor-associado da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e membro do Comitê de Ética da Sociedade de Transplantes no Canadá, Mario Abbud Filho, lamentou a falta de discussão sobre problemas éticos no Congresso. Ele disse que existem muitos problemas éticos no domínio do transplante e, portanto, discussões sobre o assunto estão aumentando em todo o mundo. O professor reconheceu que o Congresso em Belém não teve um foco na ética, “o que, na minha opinião, é ruim”, disse ele.
O congressista Eudes Alencar, psicólogo, era da mesma opinião. Ele disse que muitas vezes enfrenta casos em que a “presumida doação” é induzida através de ofertas veladas de dinheiro ou outros benefícios materiais.
Ele disse que há casos em que não há clareza sobre a conduta dos indivíduos durante os processos que antecedem o transplante. Por exemplo, quando o paciente tem um doador na família, a equipe médica envolvida intervém cada vez que identifica qualquer aparente violação da conduta ética.
Para o biomédico e patologista clínico Ferdinand Hackbart, gerente comercial de produtos da empresa Custodiol, a pouca ênfase sobre as questões éticas no Congresso reflete de fato o consenso da comunidade médica sobre este tema. Para ele, o problema ético se encontra mais na conduta da população, ainda pouco compreendida. O patologista levanta a questão de como a crença religiosa pode muitas vezes se tornar um obstáculo para o crescimento de doações espontâneas. “Como vou estar com Deus, sem o meu fígado?” Ele exemplifica, em tom sarcástico.
Além de provocar esses debates durante o Congresso, praticantes do Falun Gong expuseram os fatos da perseguição ao Falun Gong conduzida pelo regime comunista chinês há mais de 11 anos.
Nos intervalos do evento, faixas expunham e afirmavam a importância dos transplantes legais, enquanto denunciavam o crime da extração forçada de órgãos, muitas vezes de pessoas ainda vivas, documentado na investigação “Colheita Sangrenta”, realizada pelos advogados canadenses David Matas e David Kilgour.