Buscando aperfeiçoar a qualidade do manejo florestal realizado em Apuí (AM), o WWF-Brasil, em conjunto com outros parceiros, realizou em julho, naquele município, um curso de exploração florestal de impacto reduzido.
A capacitação foi oferecida a comunitários com os quais o WWF-Brasil já trabalha na região, além de técnicos de instituições que lidam com manejo florestal. Ela ocorreu nas proximidades da comunidade de Vila do Carmo, conhecida na região como “Matá-Matá”, na rodovia Transamazônica, e reuniu 17 pessoas.
Entre os participantes, estavam produtores residentes em dois projetos de assentamentos localizados na área – o Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Aripuanã-Guariba e o Projeto de Assentamento (PA) rio Juma – onde o WWF-Brasil, já há alguns anos, tem desenvolvido projetos de apoio ao manejo florestal comunitário.
Atualmente, 14 planos de manejo, feitos com o apoio do WWF-Brasil, estão no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) aguardando aprovação para iniciar a exploração comercial de madeira legalizada. Três deles já estão um passo à frente, e receberam o que o órgão chama de “Autorização Prévia à Análise de Plano de Manejo Florestal Sustentável”.
Formando multiplicadores
Durante o curso, que durou cinco dias e somou 40 horas, os participantes colocaram em prática lições sobre o planejamento da exploração florestal, técnicas de exploração de impacto reduzido, uso de equipamentos de segurança e treinamento prático em técnicas de abate.
Os instrutores, vindos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), que possui bastante experiência com o tema na região do médio Solimões, mostraram as maneiras mais interessantes de derrubar árvores, como cortá-las, de que modo tirar a madeira para exploração comercial e como empilhá-las de modo a obter o melhor aproveitamento possível.
O técnico Fernando Macedo Santos, 34, foi um dos participantes do curso. Na ocasião, ele representou o Instituto de Projetos Ecológicos e Sociais da Amazônia (Ipesa), uma organização não governamental de Apuí. Ele contou que o curso foi “muito bacana”.
“A capacitação foi bastante proveitosa. Os organizadores trouxeram instrutores capacitados e todos os participantes gostaram muito. No fim do curso, vários outros comunitários que não estiveram conosco queriam saber o que foi ensinado e logo perceberam que aquele era um tema que interessa bastante à economia do nosso município”, contou Fernando.
Garantindo o bom manejo
O analista de conservação do WWF-Brasil, Marcelo Cortez, afirmou que o objetivo em promover o curso foi elevar o nível técnico do trabalho realizado nas propriedades com as quais a instituição está trabalhando. “Precisamos de mão de obra qualificada, que garanta a realização de um bom manejo”, explicou o especialista. Marcelo disse ainda que o curso buscou também integrar os produtores dos dois assentamentos e atualizar as técnicas dos serradores profissionais da região.
Uma das organizações parceiras da iniciativa foi o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam). A engenheira florestal Francilene Lisboa, que representou o órgão, também fez uma avaliação positiva da capacitação: “O curso foi muito importante, pois mostrou como empregar técnicas adequadas de manejo florestal, amenizando os impactos das atividades e diminuindo os danos à floresta”.
Além disso, contou Francilene, o manejo florestal, feito de forma apropriada, garante a produção sustentável dos produtos florestais, gera impacto mínimo nos ecossistemas e viabiliza uma estratégia de desenvolvimento rural para as comunidades envolvidas na ação.
O curso de exploração florestal foi promovido em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), o Idam, o GIZ e o Centro Estadual de Unidades de Conservação da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (CEUC/SDS).
Apoio à produção sustentável
Desde 2011, o WWF-Brasil tem apoiado uma série de atividades em Apuí cujo objetivo é viabilizar uma alternativa sustentável para a economia daquela cidade. Com isso, queremos promover a produção florestal sustentável no município e reduzir o desmatamento naquelas imediações.
Para isso, o WWF-Brasil já apoiou a extração de óleo de copaíba na região do Matá-Matá; promoveu oficinas de redação de projetos e captação de recursos para associações e cooperativas da área; ajudou na realização de diagnósticos sobre as organizações sociais do município; realizou cursos de exploração florestal; viabilizou seminários de políticas florestais em Apuí, entre outras atividades.