As maciças compras de armas pela Venezuela durante o regime de Chávez, causaram preocupações entre os militares brasileiros. A Embaixada do Brasil em Caracas, em um documento confidencial datado de 9 de abril de 2008, sugeriu o ministro brasileiro da Defesa, Nelson Jobim, realizar uma visita à Venezuela para discutir o assunto.
Jobim chegou à Caracas e se reuniu com o presidente Hugo Chávez, na noite de 15 de abril de 2008. A proposta de agenda, elaborado pela missão diplomática brasileira, em Caracas, sugeria à Jobim consultar o alto governo venezuelano sobre “as aquisições de equipamento militar que têm levantado dúvidas sobre seus propósitos [dilemas de segurança] “.
De acordo com o documento, a embaixada sugeriu que Jobim indagasse às autoridades Venezuelanas sobre a implementação de reformas militares (incluindo a criação da “milícia bolivariana”), por meios administrativos. Essas “reformas” tinham sido rejeitadas pela população no referendo constitucional realizado quatro meses antes. O documento confidencial preparado pela Embaixada do Brasil, em Caracas, é agora livre, depois de que o sistema de computadores do Itamaraty, como é conhecido o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, sofreu um ciberataque..
A visita do ministro Jobim à Caracas, oficialmente se destinava a discutir a criação doConselho de Defesa Sul-Americano (CDS) ligado à UNASUL. A permanência de Jobim foi monitorada por um oficial (tenente-coronel do Exército), com o cargo de analista do Departamento de Inteligência Estratégica do Ministério da Defesa. O relatório apresentado pelo gestor e aprovado pela sua cadeia de comando, também foi extraído a partir de banco de dados do Itamaraty e tornado público. O dito documento torna público a competição comercial entre a “IMBEL”, de propriedade do governo brasileiro e italiano Beretta para o fornecimento de armas para as Fuerzas Armadas Nacional Bolivarianas (FANB)..Ocorreu na Venezuela, uma disputa comercial, que foi perdida pelo Brasil em favor da indústria italiana Beretta, afirma o relatório militar brasileiro.
O ministro Jobim foi encarregado de levar à Caracas duas armas personalizadas (com o nome do seu destinatário), seriam inicialmente entreguea à Chávez e seu ministro da Defesa. Foi uma iniciativa de “propaganda” para os produtos da empresa IMBEL. A entrega à Chávez foi desencorajada pela liderança da inteligência estratégica brasileira, de modo que os presenteados finais foram o ministro venezuelano da Defesa eo Director da empresa de armamentos venezuelana CAVIM.
Um comunicado interno do Itamaraty, difundido, em 27 maio 2014, pelo jornal Folha de São Paulo, disse que a 19 maio de 2014 “estava começando uma série de ataques a rede de e-mails institucional @itamaraty.gov.br, através de anexos em e-mailsmaliciosos “. Após o anúncio oficial, aparentemente centenas de documentos a partir de computadores Itamaraty foram depositados, com acesso gratuito para leitura de dados no serviço de hospedagem Megasync. A ação foi tomada em 30 de maio de 2014 por “Anonymous [AnonManifest]”, que na prática criou uma nova “wikileaks”, desta vez com os sistemas de informação do Itamaraty. O Itamaraty não comentou sobre a veracidade dos documentos vazados, mas muitos deles podem ser analisadas pois contém dados e fatos que podem ser verificados.
“Em meu país, que muitos consideram o governo cubano como uma ditadura e por que Cuba não foi suspensa da CELAC”, disse o então ministro das Relações Exteriores do Chile Alfredo Moreno Charme. O incidente ocorreu durante uma reunião a portas fechadas de CELAC, realizada em Nova York em 27 de setembro de 2012, sob a presidência do Chile e na presença do ministro das Relações Exteriores de Cuba.
A organização, que reúne os governos do continente, excluindo EUA e Canadá lutou naqueles dias pela expulsão do Paraguai, pois aqueleo legislativo paraguaio procedeu ao impeachment do presidente Fernando Lugo, um parceiro do eixo Havana-Caracas . A CELAC realizou várias reuniões paralelas à Assembleia Geral Anual da ONU.
A 21 de setembro de 2012, o ministro das Relações Exteriores paraguaio tentou participar da reunião preparatória da CELAC e, por movimento de Cuba, proibiu o acesso. O tema Paraguai, retornou à discussão em 27 de setembro de 2012. Os ministros das Relações Exteriores do México, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Trinidad & Tobago e Chile se opuseram à expulsão do Paraguai, enquanto os países da ALBA, com Argentina, Brasil e Uruguai, insistiram nas sanções expulsando o novo governo paraguaio da UNASUL e do MERCOSUL. A descrição destas reuniões está contida num memorando elaborado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, de 22 de outubro de 2012 classificado como “secreto”, que faz parte dos documentos que foram “hackeados” dos computadores do Itamaraty. O documento da chancelaria brasileira qualifica como “lamentável” a posição do ministro das Relações Exteriores do Chile e disse que seu comentário causou “grande aflição” entre os participantes.
“A estabilidade política e institucional na Venezuela é essencial para o Brasil.”A Colômbia tem conseguido grandes vitórias contra as FARC e a redução do tráfico de drogas.” “Consideramos como muito positiva a aproximação entre os governos da Venezuela e da Colômbia desde o início do governo de Juan Manuel Santos.” Estas são algumas das frases produzidas pelo Ministério das Relações Exteriores brasileiro sobre várias questões a serem abordadas pela presidente Dilma Rousseff na reunião com seu colega Barack Obama, em 9 de abril de 2012, em Washington. O documento, elaborado pelo Ministério das Relações Exteriores, inclui “sugestões” de temas e expressões que o presidente deve usar em cada caso.
Quanto a Cuba, o roteiro elaborado pelo Ministério das Relações Exteriores para ser usado por Rousseff ante Obama foi: “Eu estive em Havana, no início deste ano [2012] e fui capaz de tomar conhecimento das importantes reformas que Cuba vem implantando. Eu entendo a sensibilidade da questão cubana para os EUA, mas eu acho que é essencial para encontrar novos caminhos de distensão e aproximação entre Cuba e os EUA, sem condições ou politização. Acho que o mais afetado pelo embargo é o povo cubano. O Brasil acredita firmemente que Cuba não deve estar ausente do VI Cúpula das Américas [2012]. Esta deve ser a última cúpula sem a presença cubana. Há na região a vontade majoritária de que Cuba integre a Cúpula das Américas e do Sistema Interamericano em geral. “
A 13 de agosto, 2013, o secretário de Estado John Kerry EUA visitou Brasília. O Ministério das Relações Exteriores brasileiro preparou um “sumário executivo” para uso do chanceler brasileiro, então ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota. De acordo com o estudo, publicado on-line, o ministro brasileiro propôs a fazer comentários negativos sobre a Colômbia com o seu homólogo dos EUA. “Toda a América do Sul acompanha as negociações de paz na Colômbia.
Mas a notícia do acordo da NATO com a Colômbia foi recebida com preocupação na região. Entendemos que a Colômbia busca preparar as suas forças armadas pós-conflito, mas acreditamos, e declaramos aos colombianos, que seria mais apropriado buscar um mecanismo de cooperação militar no âmbito da ONU. ” Outra seção do documento de orientação para o ministro das Relações Exteriores do Brasil, aparece o seguinte comentário a ser repetido por Patriota: “Algunss análistas demonstram alguma preocupação com a expectativa de que a Colômbia busque um acordo de implementação doTratado de Livre Comércio com os EUA “.
Não se sabe o que o verdadeiro volume de informações vazadas do Itamaraty pelo ciberataque e do impacto que a sua difusão teria. Os documentos publicados datam de meados da década passada até o presente, sobre várias questões políticas, comerciais, militares, entre outros.O Itamaraty tem procurado tirar a relevância e garante que após um “Mapeamento” não havia identificado qualquer coisa altamente prejudicial aos interesses do Governo. Os documentos vazados começam a ser analisados por várias chancelarias estrangeiras em busca dos segredos da diplomacia brasileira, que interessa a cada um.Um relatório reproduzido na internet pelo sindicato de funcionários do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Sinditamaraty) assegura quecerca de 500 documentos foram roubados.