Website do Epoch Times atacado devido a reportagens que amedrontam Partido Comunista Chinês

29/08/2012 01:57 Atualizado: 29/08/2012 01:57
Wang Lijun, ex-chefe da Secretaria de Segurança Pública de Chongqing, em março de 2011. (Feng Li/Getty Images)

A versão chinesa do website do Epoch Times tem sido repetidamente atacada durante a última semana por hackers baseados na China, segundo técnicos da empresa. A razão dos ataques parece ser a reportagem detalhada do jornal sobre os crimes ocultos de Bo Xilai e sua esposa Gu Kailai, que recentemente teve uma sentença de morte suspensa por um homicídio.

A cobertura do jornal nas últimas semanas questiona a narrativa apresentada pelo regime chinês sobre o recente julgamento, que Gu Kailai matou o empresário britânico Neil Heywood, e diz que, segundo fontes, Gu Kailai e Bo Xilai estavam envolvidos na colheita de órgãos de prisioneiros da consciência do Falun Gong e também na venda de cadáveres de praticantes do Falun Gong executados para fábricas plastinação, principalmente na cidade de Dalian, onde Bo Xilai foi prefeito entre 1993-2001.

“Estamos mudando o foco das pessoas sobre os detalhes superficiais do processo de julgamento e explicando o histórico obscuro de Gu Kailai e Bo Xilai”, diz Zhang Tianliang, um colunista do Epoch Times e comentarista político sobre a China.

“O Partido Comunista não tem legitimidade, portanto, quando reportamos sobre as questões internas desta organização mafiosa, isso é sério para eles”, disse ele. “O Epoch Times está relatando a verdade sobre as ações dos bastidores do Partido Comunista Chinês (PCC) e isso é muito assustador para eles.”

O Sr. Xiong, um membro da equipe técnica do Epoch Times, disse que os ataques têm acontecido diariamente desde 20 de agosto, a data da sentença de Gu Kailai por assassinato. Ele disse que parte do IP, ou Protocolo de Internet, dos endereços dos atacantes era da China. Os ataques têm crescido em frequência e escala desde então, disse ele numa entrevista por telefone. O Epoch Times tem a política de proteger a identidade de sua equipe técnica, que no passado foi alvo de agentes do regime chinês, mesmo quando estacionados nos Estados Unidos.

O ex-diretor técnico do jornal Peter Yuan Li foi assaltado por homens não identificados em sua casa em Atlanta em 2006. Três chineses armados invadiram sua casa, envolveram-no num lençol e repetidamente golpearam-no na cabeça com um objeto metálico, antes de roubar seu laptop e deixar todos os outros objetos de valor para trás.

Reportagem indesejável

Desde que Wang Lijun, o ex-braço direito de Bo Xilai, fugiu em 6 de fevereiro para o consulado dos EUA em Chengdu, na província de Sichuan, sudoeste da China, o regime comunista teve de lidar com uma cascata de eventos altamente sensíveis: a purgação de Wang Lijun; a remoção de Bo Xilai de seus cargos no PCC e sua consequente investigação; a restrição do chefe da segurança pública chinesa Zhou Yongkang; a reconfiguração da liderança das forças de segurança e o julgamento de Gu Kailai.

O Epoch Times informou sobre esses eventos e o que está por trás deles: como a tentativa de deserção de Wang Lijun expos uma luta pelo controle do PCC e os crimes que fizeram essa batalha necessária.

O Epoch Times e o website dissidente Boxun informaram que Wang Lijun contou às autoridades consulares norte-americanas sobre um plano de Bo Xilai e Zhou Yongkang para dar um golpe de Estado depois que Xi Jinping se tornasse chefe do PCC. Bill Gertz do Washington Free Beacon informou que a inteligência que Wang Lijun deu aos EUA apoiava as reivindicações de alguns funcionários dos EUA de que os nacionalistas chineses da linha-dura estavam em busca do poder.

O Epoch Times também informou como o enredo de Bo Xilai e Zhou Yongkang era uma tentativa desesperada para não serem responsabilizados pelos crimes que cometeram na perseguição ao grupo espiritual do Falun Gong.

A colheita forçada de órgãos de pessoas vivas foi o mais grave desses crimes. Wang Lijun foi responsável por colher os órgãos de milhares de pessoas e a informação que ele forneceu no consulado dos EUA implicaria Bo Xilai e Gu Kailai nessas atrocidades.

Uma fonte disse ao Epoch Times que Bo Xilai e Gu Kailai foram responsáveis pela captação forçada de órgãos de pessoas vivas e pela provisão de corpos para fábricas de plastinação, um processo de injetar um cadáver com polímeros para preservá-lo para exibições.

A mesma fonte disse ainda ao Epoch Times que Gu Kailai assassinou Heywood porque ele começou a contar sobre seu envolvimento com ela na colheita de órgãos e na venda de cadáveres.

A reação da blogosfera chinesa foi rápida, com a notícia rapidamente citada, compartilhada e amplamente difundida. Muitas vezes, algumas das informações mais sensíveis, como a identidade da fonte dos corpos, foi obscurecida para contornar a censura da internet do regime chinês.

“O PCC está com medo de as pessoas descobrirem isso, mas esta é justamente a informação que o povo chinês mais quer saber”, disse Zhang sobre a reportagem do jornal.

Implacável

O Sr. Xiong disse que os ataques resultaram na interrupção ocasional do serviço, mas a equipe técnica foi capaz de repeli-los.

O executivo-chefe do Epoch Times, John Tang, disse que nenhuma tentativa de ataque do regime chinês dissuadiria a reportagem do jornal. John Tang disse que os ataques demonstraram um profundo mal-estar do PCC com a cobertura do jornal, enquanto provavam seu impacto e precisão. Ele disse que as informações técnicas coletadas dos ciberataques serão submetidas ao FBI.

“O Epoch Times relata a verdade sobre as ações dos bastidores do PCC e isso é muito assustador para eles”, disse Zhang Tianliang.

Se reportagens envolvendo altos oficiais do PCC na colheita de órgãos de dezenas de milhares de prisioneiros da consciência vivos forem amplamente conhecidas dentro e fora da China, Zhang disse, “por causa do golpe que isso provocaria na legitimidade do regime, o PCC estaria acabado”.

Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.