Wang Lijun entregue à Comissão Anticorrupção, diz mídia chinesa

29/03/2012 03:00 Atualizado: 29/03/2012 03:00

Wang Lijun, ex-chefe de segurança pública de Chongqing, presente numa reunião anual do Congresso Nacional Popular no Grande Salão do Povo em 6 de março de 2011 em Pequim, China. (Feng Li/Getty Images)Wang Lijun, o oficial chinês de Chongqing que causou alarido depois de visitar a embaixada dos EUA em 6 de fevereiro, foi entregue à Comissão Central de Inspeção Disciplinar (CCID), um misterioso e poderoso órgão do Partido Comunista Chinês (PCCh) que investiga e castiga membros do Partido suspeitos de corrupção, de acordo com reportagens da mídia chinesa.

A notícia apareceu inicialmente no Caixin, uma mídia relativamente liberal fundada por Hu Shuli, personalidade conhecida da mídia. A matéria foi apagada rapidamente desse website, mas o longo artigo foi postado novamente no website da Phoenix Television, uma emissora de Hong Kong leal a Pequim.

Os rumores na internet chinesa suspeitam de maneira geral que Wang foi posto sob investigação pelo CCID para que os altos líderes do Partido atacassem Bo Xilai. Wang pode ter feito um acordo com o CCID para fornecer informação sobre Bo que possam ser usadas para derrubá-lo em troca de tratamento menos severo, dizem os rumores.

Os problemas com Wang começaram em 2 de fevereiro quando o governo da cidade de Chongqing anunciou que ele havia sido transferido para a área da “cultura, educação, e proteção ambiental”. Foi um rebaixamento público e significativo da sua posição anterior como vice-prefeito, chefe de polícia e, sobretudo, braço direito de Bo Xilai, e foi o princípio da sequência de acontecimentos que se seguiram.

Wang é conhecido por ser a face pública da campanha “Combatendo o negro” de Bo Xilai, que se refere a uma extensa campanha para derrubar o crime organizado. No entanto, muitas das punições aplicadas durante essa campanha, que começou em 2008, atingiram vários inocentes, como empresários acusados de atividades mafiosas apenas para que suas fortunas pudessem ser confiscadas por chefes do Partido.

Depois do rebaixamento, Wang não deu sinal de perturbação. Em 5 de fevereiro, ele visitou o Comitê Educacional de Chongqing e a Universidade Normal de Chonqing, onde falou à vontade sobre sua mudança de trabalho. “Como vice-prefeito, depois de ser delegado, estou encarregado de tratar dos assuntos educacionais, científicos, econômicos e ambientais. Há muita pressão na gestão dos micronegócios e assuntos ambientais. Todas as tarefas são um desafio para mim e uma boa oportunidade de aprendizagem”, falou Wang calmamente e ninguém suspeitou que no dia seguinte ele pudesse fugir para a embaixada dos EUA em Chengdu.

A hora exata que Wang chegou e deixou a embaixada não é conhecida. Vários relatórios online indicam que ele chegou em 6 de fevereiro e permaneceu até altas horas daquela noite, ou até a manhã do dia 7 de fevereiro. Posteriormente, ele foi escoltado até Pequim por Qiu Jin, vice-ministro da segurança de Estado, isto de acordo com relatos online em referência a compra de dois bilhetes de primeira classe para os dois homens.

Em 9 de fevereiro, Wang foi colocado sob investigação pelo Comitê Central de Investigação Disciplinar do PCCh, reportou o Caixin.

Com pesquisa de Ariel Tian e tradução de Sophia Fang.