A exposição à luz ainda é beneficial
Recentemente eu recebi uma paciente que me disse que há alguns dias teve um ataque de mau humor fora do normal e sem qualquer razão óbvia.
O problema começou por volta de meados de dezembro de 2010, mas melhorou por volta de março de 2011. Meu primeiro pensamento foi que esta senhora estava sofrendo de ‘desordem afetiva sazonal’ (SAD). É bem sabido que quando o inverno chega e os dias ficam mais curtos, algumas pessoas estão propensas à depressão precipitada pela falta de luz solar.
Eu comentei isto com ela, e ela me disse que sua irmã havia comentado que tudo o que ela precisava era de “umas férias em algum lugar ensolarado no inverno”. Comentei que talvez sua irmã tivesse razão. Minha paciente observou, com razão, que isto não é sempre prático ou possível.
Obter mais luz no inverno, não significa necessariamente mudar para algum lugar ensolarado. Isto pode significar trazer a luz a partir de um dispositivo que simula a luz solar. Evidências publicadas na revista Depressão e Ansiedade em março de 2009 sugerem que a luz da parte azul do espectro visual parece ser mais importante para a manutenção do humor.
Enquanto a terapia da luz parece ter potencial para combater a depressão de natureza sazonal, há alguns indícios de que poderia ajudar a combater a depressão não-sazonal também. Num estudo publicado em janeiro na revista Archives of General Psychiatry, a terapia com luz azul foi testada num grupo de indivíduos com 60 anos de idade ou mais com diagnóstico de transtorno depressivo avançado. A causa da depressão era de natureza não-sazonal.
O tratamento consistiu na terapia com luz azul claro (cerca de 7.500 lux) por uma hora todas as manhãs. Este foi comparado a um tratamento de controle com luz vermelha escura (cerca de 50 lux) pela mesma duração. O tratamento durou um total de três semanas, e os indivíduos foram avaliados por três semanas após o tratamento.
Os níveis de depressão reduziram significativamente no grupo que recebeu a luz azul em comparação com o grupo que recebeu o tratamento controle.
O sono melhorou, e as pessoas começaram a sair da cama mais cedo após acordar pela manhã.
Alguns parâmetros bioquímicos também foram verificados. Os níveis de cortisol, o hormônio do estresse diminuiu consideravelmente durante a noite em resposta à luz azul brilhante, e os níveis de melatonina (o neuroquímico chefe responsável pelo sono) aumentaram mais rapidamente após a exposição à luz azul.
Em suma, estes resultados sugerem que a terapia com luz azul brilhante pode trazer benefícios para o humor e o sono, mesmo naqueles que não parecem estar sofrendo de SAD.
Outro estudo publicado em agosto de 2005 em artigos da Mental Health Nursing, restrito às mulheres, também descobriu que a terapia com luz azul melhora o humor e a energia em indivíduos que sofrem de depressão não-sazonal.
Esta evidência apoia a observação de que a luz produz benefícios no humor e no bem-estar geral. Além disto, pode levar alguns de nós a aumentar nossos esforços para conseguir exposição à luz adequada durante todo o ano, quer sob a forma de luz solar ou através de um dispositivo de luz apropriado.
O Dr. John Briffa é um médico de Londres e escreve sobre saúde, com interesse em nutrição e medicina natural. Seu website é Drbriffa.com