Voluntários ajudam chineses a renunciarem ao Partido Comunista
NOVA YORK – Multidões acaloradas fazem seu caminho através da rua principal de Flushing, o bairro chinês em Queens, passando por lojas, vendas de patos assados pendurados atrás de janelas e adolescentes bebendo refrescos de tapioca. Em meio à multidão está uma pequena senhora de 80 anos que se oferece para contar sua história aos transeuntes.
Ela veio para ficar neste local cinco dias por semana, todas as semanas desde 2005, faça chuva ou sol. “Eu não posso suportar por tanto tempo quanto eu costumava fazer, mas eu sinto que é importante fazer isso”, disse ela.
Seu nome é Feng Jiansheng. Ela é uma voluntária do ‘Centro de Assistência Global para Renúncia ao Partido Comunista Chinês’ em Flushing, onde uma grande população chinesa reside.
Feng vivenciou a brutalidade do Grande Salto para Frente, da Revolução Cultural e do Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen).
Mas ao olhar para trás na história do Partido Comunista Chinês (PCC), ela começa a chorar quando lembra da campanha mais recente do PCC, sua perseguição ao Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa.
Em dezembro de 2000, Feng foi detida por sua crença no Falun Gong, uma prática espiritual com base nos princípios da verdade, compaixão e tolerância. O chefe do PCC na naquela época, Jiang Zemin, iniciou uma campanha para “erradicar” a prática, temendo sua popularidade e o apelo de seus ensinamentos.
Na prisão, Feng, com 68 anos na época, foi forçada a fazer trabalho físico intenso durante o dia. Durante as noites de inverno, ela dormia no chão de barro, sem cobertores, enquanto guardas prisionais derramavam baldes de água gelada sobre ela para que não conseguisse dormir.
Ela recebia duas mirradas refeições por dia e era alimentada à força com substâncias desconhecidas. “Fomos presos com assassinos e estupradores, mas mesmo eles eram alimentados melhor do que nós”, disse ela.
Depois que ela se tornou uma refugiada nos Estados Unidos, ela disse que era seu dever fazer o povo chinês saber o que realmente se passa na China, por trás da fachada da mídia estatal. É por isso que ela se voluntariou na sede do Centro de Assistência Global.
Existem mais de 100 centros de assistência voluntária como este fora da China. A organização é voluntária e de financiamento privado. O movimento popular é conhecido como “tuidang” em chinês.
Ele ajuda as pessoas a se retirarem do PCC e suas organizações afiliadas. Depois que uma declaração de tuidang é recebida, ela é publicada no website ‘Renunciando ao PCC’.
O movimento começou em 2004, depois que o Epoch Times publicou os “Nove comentários sobre o Partido Comunista Chinês“. Os Nove Comentários são uma série editorial que foi republicada como um livro. Ele fornece uma relato sem censura da natureza do PCC e sua história de violência e mentiras.
A série se espalhou para a China continental através de fax, e-mail e correio, provocando uma grande resposta dos leitores chineses que queriam renunciar seus vínculos com o PCC e suas organizações afiliadas, como a Liga da Juventude e os Jovens Pioneiros.
No ano passado, o número de pessoas que renunciaram suas afiliações ao PCC atingiu mais de 100 milhões, atualmente já alcançou quase 120 milhões. “Esses 100 milhões incluem pessoas de todas as camadas sociais, do topo, tais como militares e oficiais do governo, até as camadas mais baixas, como os aldeões e estudantes, atravessando todas as classes sociais”, disse Yi Rong, presidente do Centro de Assistência Global baseado em Nova York, numa conferência de imprensa em 2011.
Mi Rejing, uma voluntária de 50 anos do Centro de Assistência Global, disse que fazer parte do PCC significa abrir mão da liberdade, do poder de tomar decisões e da própria vida pelo PCC. “Pense nisso, a coisa mais preciosa que uma pessoa pode ter é sua vida, não é?”, disse ela. “É por isso que eu estou aqui, para ajudar as pessoas a renunciarem ao PCC.”
Em março de 2010, o senado dos EUA aprovou por unanimidade a Resolução 232, patrocinada pelos congressistas norte-americanos Robert Menendez (DN.J.) e Tom Coburn (R-Okla.). A resolução apoia o movimento tuidang e apela pelo fim da perseguição ao Falun Gong.
Alcançando um novo grupo de chineses
Recentemente, a taxa de renúncias ao PCC em Flushing diminuiu. “Isso é porque estamos lidando com um grupo diferente do povo chinês”, disse Bing Ji, uma voluntária no Centro de Assistência Global. Ela disse que depois de alcançar 100 milhões de renúncias, eles agora estão tocando os firmes seguidores do PCC. “Eu tenho sido voluntária somente por seis meses, mas posso lhe dar muitos exemplos”, disse ela.
Ji disse que há uma senhora idosa que empurra um carrinho pela rua principal todos os dias. “Ela me disse que somos um embaraço para a China e que os chineses devem ficar juntos e não ir um contra o outro assim”, disse Ji. “Ela se recusou a me ouvir ou aceitar qualquer um dos nossos materiais.”
Ji tentou falar com a mulher do carrinho muitas vezes, mas sempre recebeu a mesma resposta. “Mais recentemente, ela inesperadamente aceitou meu folheto”, disse Ji. “Ela até me pediu para ensiná-la os exercícios do Falun Gong e nos deu suas ideias sobre como alcançar mais pessoas.” “Então, eu acho que há um processo de mudança para este grupo”, disse Ji. “Temos de lhes dar um tempo. Muito ocorreu nos seis meses que tenho estado aqui.”
O movimento não defende a derrubada do PCC, mas oferece um olhar além dele, como o próprio website diz, “Um novo mundo sem o PCC.” Ele chama o povo chinês para se separar psicológica e espiritualmente do PCC e fazer uma distinção entre a nação chinesa e o PCC.
“Eu estou disposto a sair desta organização maligna para ser um chinês verdadeiro e tradicional”, disse uma declaração de renúncia publicada em abril de 2012. “Eu também espero que meus conterrâneos chineses possam ver a verdadeira natureza maligna do PCC e sair desse culto o quanto antes.”