Uma pesquisa da Universidade de Alberta analisou os relatos de missionários que viajaram no passado à Patagônia, na Argentina e no Chile, e que adoeceram de escorbuto, confirmando que a falta de vitamina C provoca alterações químicas no cérebro e profunda depressão.
Em 1850, um grupo de missionários britânicos viajou à Patagônia, planejando levar o cristianismo aos povos da vasta e gelada região austral da América do Sul. Os sete missionários sucumbiram ao escorbuto e à fome um ano depois, segundo o relato.
O pesquisador Jonathan Lamb, da Universidade Vanderbilt e especialista em literatura exploratória, interessou-se em avaliar as evidências de sintomas de escorbuto nos missionários.
Lamb contatou a historiadora Jane Samson da Universidade de Alberta e ela encontrou o diário de um dos missionários, Richard Williams, que documentava “a batalha contra o escorbuto como poucos na história”, disse Samson.
“Williams estava preocupado com o aspecto psicológico e neurológico e não com as coisas conhecidas sobre o escorbuto que remontam aos contos seculares de marinheiros, como quando as gengivas incham e sangram, as feridas antigas que se abrem e os que sofriam com contusões profundas”, disse Samson.
A historiadora observou que Williams notou que seus primeiros sintomas de escorbuto começaram em março de 1851. Ele escreveu extensamente sobre seus temores a respeito do impacto psicológico e espiritual da doença e a definiu como debilitante. “Ele sabia sobre os efeitos que o escorbuto tinha na moral de uma pessoa e em seus níveis de energia.”
Williams escreveu que frequentemente eles estavam demasiado cansados para orar ou ler a Bíblia. Especialmente, “ele se preocupava com o que estava acontecendo com sua mente”, diz Samson.
O missionário afetado escreveu que se sentava no terraço consumido pela saudade de voltar à infância e sofria de alucinações. “Os relatos de Williams se detinham no cérebro e em seu fracasso em cumprir com sua devoção a seus deveres religiosos, que eram muito mais importantes para ele do que os sintomas físicos”, diz Samson.
Suas observações corroboram estudos anteriores e posteriores mencionados por Jonathan Lamb e Jane Samson, que mostram que a falta de vitamina C produz uma alteração química no cérebro e, por conseguinte, depressão. A depressão causada pela falta de vitamina C é diferente de outras condições de saúde que são tratadas com medicamentos antidepressivos.
Vitamina C
A vitamina C, ou ácido ascórbico, está associada a pelo menos oito enzimas que desempenham um papel importante na formação do colágeno, na cicatrização de feridas e na prevenção de hemorragia dos capilares.
Atualmente, o ácido ascórbico é geralmente utilizado em alguns alimentos industrializados para impedir a oxidação.
No entanto, ele é abundante em frutas e verduras, especialmente nos cítricos, mas também em frutas tropicais, como goiaba, manga, kiwi e abacaxi, e pode-se obtê-lo também no melão, caqui, morango, frutas vermelhas (amora, mirtilo, framboesa, açaí e oxicoco) e tomate.
Entre os vegetais, encontra-se nas pimentas, em toda família da couve e no espinafre, entre outros.
De acordo com a Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA, recomendam-se alimentos ricos em vitamina C – ou seu consumo por meio de comprimidos – para o tratamento de resfriado comum; embora haja questionamentos a respeito, como a capacidade ou limite de absorção corporal da vitamina e a necessidade de tomar sol para fixar ou reter a vitamina no corpo.
Menciona-se que é provavelmente eficaz em infecções na gengiva, acne, outras infecções de pele, bronquite, úlceras causadas por bactérias Helicobacter pylori, tuberculose, disenteria (infecção do intestino delgado) e para infecções da pele que produzem furúnculos. Também é boa para infecções da bexiga e da próstata.
“Algumas pessoas usam vitamina C para depressão, incapacidade de pensar, demência, doença de Alzheimer, estresse físico e mental, fadiga e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)”, destaca um artigo da Biblioteca de Medicina.
Acredita-se que a vitamina C também aumente a absorção do ferro contido nos alimentos.
Também é utilizada para o glaucoma e a prevenção de doenças como cataratas, cárie dentária, obstipação, asma e bronquite.
A vitamina C é mencionada como útil na fibrose cística, na infertilidade, no diabetes, na síndrome de fadiga crônica, no autismo, nas desordens do colágeno, na artrite e na bursite, para dor nas costas e protrusão dos discos intervertebrais, contra o câncer e a osteoporose.
Ela é utilizada para melhorar a resistência física, retardar o progresso do envelhecimento, para neutralizar os efeitos secundários da utilização de cortisona e drogas afins e para ajudar com os sintomas de desintoxicação no tratamento de dependência de drogas.
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