Além das promessas de manter a economia nos trilhos, a viagem de Xi Jinping a Shenzhen na última sexta-feira revelou sinais do que mais está na mente do novo líder do regime chinês.
Em sua primeira turnê oficial fora de Pequim desde que assumiu a liderança do Partido Comunista Chinês (PCC), Xi Jinping fez uma visita na sexta-feira a Shenzhen, na província de Guangdong, o centro econômico do Sul que faz fronteira com Hong Kong, muitas vezes referida como a janela da política de abertura da China.
A mídia estatal Global Times disse que a visita de Xi Jinping ecoa a turnê de Deng Xiaoping de 20 anos atrás e sinaliza o compromisso da nova liderança em aprofundar a reforma.
Mas, além de prometer manter a economia nos trilhos, houve outras pistas dignas de nota.
Um item que surpreendeu os analistas é que Xi Jinping não se reuniu com o chefe-executivo de Hong Kong, que estava na província de Guangdong no mesmo dia.
A mídia tratou a visita de Xi Jinping reservadamente; a Xinhua, porta-voz do regime, não mencionou a notícia no dia.
Leung Chun-ying, o chefe-executivo de Hong Kong, também visitou a província de Guangdong em 7 de dezembro para assistir a uma reunião realizada pela Federação das Indústrias de Hong Kong, o Conselho de Produtividade de Hong Kong e o Conselho do Delta do Rio Pérola.
O Apple Daily de Hong Kong citou o comentarista Lin Heli dizendo que quando líderes anteriores do PCC e o chefe-executivo de Hong Kong estiveram simultaneamente na província de Guangdong, eles se encontraram por cortesia ou necessidade.
“Pequim está suspeita do desempenho de Leung nos últimos meses desde que ele foi nomeado. Eu pensaria que Xi Jinping desejaria conversar cara-a-cara com Leung para obter informações em primeira mão”, disse Lin Heli.
No entanto, Xi Jinping deixou Shenzhen para Zhuhai em 8 de dezembro e a Rádio Hong Kong informou que ele não terá uma reunião com Leung.
A questão do Falun Gong
Uma das questões mais espinhosas que Xi Jinping herdou como chefe do PCC é a perseguição à prática espiritual do Falun Gong, que já dura 13 anos. De acordo com muitos comentaristas, este assunto se tornou uma enorme dor de cabeça para o Partido Comunista, pois envolve crimes contra a humanidade que, uma vez confrontados, podem danificar seriamente o Partido.
De acordo com fontes do Falun Gong, nos últimos meses, o assédio a praticantes do Falun Gong se estendeu do continente para Hong Kong, liderado pela Associação de Cuidados da Juventude de Hong Kong Ltda. (HKYCA), um grupo recém-formado e vinculado ao Partido Comunista. Suas principais atividades envolvem perturbar e insultar adeptos do Falun Gong e seus eventos de protesto.
Em 6 de dezembro, no dia anterior à visita de Xi Jinping à Shenzhen, o vice-presidente Lin Guo e outros membros da HKYCA cercaram dois praticantes do Falun Gong em locais de informação antiperseguição em Hong Kong, segundo a Sra. Liao, uma coordenadora dos eventos do Falun Gong. Mas em 7 e 8 de dezembro, membros da HKYCA repentinamente sumiram, disse ela.
Mensagens de Xi Jinping
A razão para a retirada súbita da HKYCA, segundo Lin Zixu, um analista do Epoch Times, é que Xi Jinping está começando a se distanciar da linha-dura do PCC.
Lin Zixu disse que a turnê de Xi Jinping no Sul da China envia duas mensagens. Uma é deixar os direitistas saberem que ele segue o caminho de Deng Xiaoping e que há pouco espaço para a reforma política.
A outra mensagem, segundo Lin Zixu, é para a linha-dura do Partido Comunista, ou os esquerdistas, que defendem campanhas de perseguição no estilo Mao.
A linha-dura inclui membros da facção do ex-líder chinês Jiang Zemin, o ex-chefe de segurança pública Zhou Yongkang e o político desgraçado Bo Xilai, que têm pressionado pela manutenção da perseguição ao Falun Gong para protegerem-se da prestação de contas.
A reprimenda de Xi Jinping a Leung Chun-ying de Hong Kong parece ser parte da segunda mensagem e é um sinal de desaprovação pelo desempenho de Leung, que se tornou um embaraço para o PCC, disse Lin Zixu.
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