Os protestos violentos que se opõem ao movimento Ocupar Central, que têm agredido os estudantes e assediado sexualmente manifestantes mulheres, estão ligados a Pequim, segundo os cidadãos de Hong Kong.
“É como se a Revolução Cultural estivesse ocorrendo em Hong Kong. Quando o maior medo das pessoas vinha daqueles ao seu lado”, disse um comerciante de Shenzhen, de pseudônimo sr. Lee, em entrevista com o Epoch Times. “Algo desse tipo não deveria ocorrer numa sociedade avançada como Hong Kong.”
De acordo com Lee, a maioria dos que se opõem ao protestos pro-democracia em Hong Kong falam com um sotaque da China continental.
O Gabinete de Ligação do Governo Popular Central há muito tempo organizou um grupo de chineses do continente para incitar a violência contra o Ocupar Central, disse Lee. Os participantes receberam a promessa de licenças permanentes, documentos que permitem que pessoas da China continental possam residir permanentemente em Hong Kong ou Macau.
De acordo com Lee, há milhares dessas pessoas em Hong Kong agora. “Muitos chineses do continente não estão realmente trabalhando para a China em seus corações. Eles sabem o que está acontecendo e fazem isso por dinheiro”, disse Lee.
Até agora, as centenas de pessoas que se alistaram para se opor ao movimento democrático Ocupar Central são poucas diante dos cerca de 100 mil manifestantes que estão dispersos em quatro bairros nos arredores de Hong Kong.
Mesmo assim, aqueles que se opõem ao movimento pacífico têm causado dificuldade, espancado os manifestantes, derrubado barracas e rasgado faixas.
Manifestantes mulheres têm sido alvo dos opositores do Ocupar Central. Uma mulher disse à Anistia Internacional que um homem agarrou seus seios enquanto ela acompanhava outros manifestantes no distrito de Mong Kog às 16h de 3 de outubro. Ela disse que este indivíduo também agrediu outras duas mulheres.
Alguns dos manifestantes que se opõem ao Ocupar Central foram organizados pelo grupo ‘Caring Hong Kong Power’ (CHKP), que foi estabelecido em junho de 2011 e é financiado pelo Partido Comunista Chinês, como descrito anteriormente pelo Epoch Times.
Na noite de 3 de outubro, uma diretiva interna do CHKP começou a circular online, lembrando as pessoas que usassem fitas azuis, um símbolo agora associado àqueles que se opõem ao Ocupar Central, nas atividades em Mong Kok em 4 de outubro. A circular afirma: “Para se opor ao movimento Ocupar Central e garantir a estabilidade em Hong Kong, a violência é necessária.”
“Se a oposição ao movimento Ocupar Central não for bem-sucedida, a opinião pública será seduzida a apoiar a ação policial contra os estudantes. Se tudo mais falhar, o Exército da Libertação Popular será mobilizado para exterminar os traidores que traíram China.”
A violência eclodiu em Mong Kok na tarde de 3 de outubro. Hostilidades esporádicas têm ocorrido periodicamente enquanto contra-manifestantes continuam a atacar manifestantes pacíficos em Mong Kok, Causeway Bay e no Almirantado.
“Essas pessoas são membros de gangue. Eu reconheço seu comportamento, insultos e métodos. Alguns deles não são de Hong Kong, eles são chineses do continente”, disse Tang Kam-hong, um fotógrafo que vive em Hong Kong, num artigo publicado no jornal francês Libération, intitulado “Tríades chinesas retornam a Hong Kong”.
Há muito tempo suspeita-se que o regime chinês tem tentado usar a violência em Hong Kong para silenciar aqueles que o criticam.
Kevin Lau, ex-editor-chefe do jornal Ming Pao, foi esfaqueado nas costas e nas pernas em fevereiro deste ano. Muitos em Hong Kong acreditam que o Partido Comunista Chinês estava por trás do ataque.
Chen Ping, proprietário da revista iSun Affairs, foi espancado por bandidos fora de seu escritório em junho de 2013. A iSun Affairs costuma criticar a administração de Hong Kong e seus laços com Pequim: “Talvez eu tenha ofendido algumas pessoas no regime do Partido Comunista”, disse Chen.
Também em junho do ano passado, um carro bateu propositalmente e destruiu o portão da frente da casa de Jimmy Lai. Lai é o fundador e presidente da Next Media, a maior empresa de mídia de capital aberto de Hong Kong, cujas publicações são conhecidas por criticarem o regime chinês. Após destruírem seu portão, os bandidos calmamente colocaram um machado e uma faca de açougueiro na entrada da casa.