‘Vilas do câncer’ na China reconhecidas pelo regime

26/02/2013 14:27 Atualizado: 26/02/2013 14:27
Uma chinesa lava um pato para prepará-lo para uma comemoração do Ano Novo Lunar chinês na vila de Zisiqiao, na província de Zhejiang, Leste da China, em 8 de fevereiro de 2013 (Peter Parks/AFP/Getty Images)

O regime chinês admitiu pela primeira vez a existência das chamadas ‘vilas do câncer’ – áreas próximas de fábricas e fluxos de águas poluídos onde as taxas de câncer têm aumentado a níveis surpreendentemente altos.

O página do Sina Weibo da mídia estatal Global Times publicou um artigo na quarta-feira e um mapa das vilas que estão especialmente doentes de câncer. A postagem desta mídia porta-voz do Partido Comunista Chinês (PCC) citou o Ministério da Proteção Ambiental da China. O blogue Nação Folha de Chá chamou a atenção para a postagem.

“Seu conteúdo é uma demonstração clara de que, por causa da intoxicação química, as ‘vilas do câncer’ e outras graves ameaças à saúde pública começaram a surgir em muitas áreas. Além disso, segundo o profissional de mídia Deng Fei, estas […] ‘vilas do câncer’ estão se espalhando do Centro-leste para o Centro-oeste da China”, diz uma tradução da mensagem do Global Times.

A mensagem foi publicada em relação ao “12º Plano Quinquenal de Prevenção e Controle de Riscos Ambientais e Produtos Químicos” do Ministério do Meio Ambiente, diz a postagem. E o blogue do Global Times também incluiu um emoticon chorando.

Nos últimos anos, ativistas ambientais chineses disseram que há uma forte ligação entre o aumento das taxas de câncer e a poluição industrial, em parte devido a oficiais corruptos que ignoram as violações das normas ambientais por parte de desenvolvedores e empresas. Em 2009, o jornalista investigativo Deng Fei mostrou algumas das áreas mais atingidas usando o Google Maps.

O consumo da água contaminada fez explodir as incidências de câncer. Na imagem, o mapeamento das “vilas do câncer”, onde a doença se alastrou de forma generalizada (Google Maps)

Desde os anos 1990, o câncer tem sido a principal causa de morte entre chineses, segundo a publicação financeira Caijing. Esta informou que o número de vilas do câncer pode ser superior a 247 em 27 províncias. No entanto, esse número pode ser de fato maior do que 400, segundo a Xinhua, a mídia porta-voz do regime chinês.

O ministério também reconheceu que a China tem sido flagelada com “produtos químicos venenosos e prejudiciais” que são proibidos em países desenvolvidos, informou a agência de notícias AFP.

O advogado ambientalista Wang Canfa disse que a postagem de blogue do Global Times foi importante, pois foi a primeira vez que o regime chinês oficialmente sinalizou o fenômeno das ‘vilas do câncer’.

“Isso mostra que o Ministério do Meio Ambiente reconheceu que a poluição levou pessoas a desenvolverem câncer”, disse ele conforme citado. “Isso mostra que o problema da poluição ambiental provocando danos à saúde tem chamado à atenção.” A AFP informou que o termo ‘vila de câncer’ apareceu em 1998 em relatos da mídia chinesa.

A postagem do Weibo surge na esteira de vários casos de grande repercussão envolvendo poluição do ar e da água. Em janeiro, uma névoa espessa de poluição atmosférica desceu sobre dezenas de cidades chinesas, incluindo Pequim, demorando-se por dias.

Dias atrás, Deng Fei pediu a seus seguidores do Weibo para tirarem fotos de um rio ou de córregos em suas cidades natais e postá-las online. A medida, disse ele, visa mostrar o nível de poluição nos rios chineses.

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