Um estudo recente conduzido por cientistas da Universidade de Xidian na China e diversos outros institutos de pesquisa médica na China e nos Estados Unidos, publicado através do periódico científico PLoS One, concluiu que o vício em internet em longo prazo, especialmente durante os anos de formação da adolescência, pode produzir alteração na estrutura do cérebro.
O estudo descreve o crescente vício em internet entre adolescentes ao redor do mundo, principalmente na China, onde o número aproximado de jovens urbanos viciados é de 14%, ou 24 milhões de jovens.
O estudo associa o vício em internet com “prejuízo do bem-estar psicológico do indivíduo, insucesso escolar e reduzida capacidade de comunicação”, declarando que apesar de não ser reconhecido universalmente como um fenômeno médico, “o vício em internet está crescendo em incidência o que tem atraído a atenção de psiquiatras, educadores e do público”.
De acordo com o artigo, outros estudos apresentaram fatores indicadores, por exemplo, que o desejo por jogos online e a dependência por substâncias químicas altamente viciantes, como os derivados do ópio, podem “compartilhar o mesmo mecanismo biológico”, e que em relação aos não viciados, os adolescentes que têm vício em internet são mais impulsivos e processam informação com menos eficiência.
O estudo foi conduzido selecionando 18 jovens em idade universitária como controles saudáveis sem vício em internet e 18 jovens de mesma idade identificados com vício em internet, baseado em suas respostas num questionário de 8 questões, uma versão modificada do Questionário de Internet para Diagnóstico Juvenil desenvolvido pelo Dr. Kimberly Young, um psiquiatra e professor da Universidade St. Bonaventure, que fundou o Centro para Vício em Internet em 1995.
Cada um dos sujeitos envolvidos no estudo passa 10 ou mais horas por dia, pelo menos seis dias na semana, jogando jogos online. Informações sobre o estilo de vida e a intensidade do vício de cada um foram verificados mais detalhadamente através de conversas e entrevistas com amigos, companheiros e família.
O teste envolveu escanear o cérebro de cada um dos sujeitos e avaliar a substância cinzenta, o tecido neural na superfície do cérebro e na medula espinhal que dirigem a percepção sensorial, e a matéria branca, tecido neural das fibras nervosas que conecta a substância cinzenta e permite diferentes partes da substância cinzenta se comunicarem com o resto do corpo.
O resultados mostraram que “o volume da substância cinzenta… exibiu uma correlação negativa com os meses de vício em internet”, afirmando que “nenhuma região cerebral [em viciados em internet] apresentou maior volume de substância cinzenta do que o grupo saudável de controle.”
Em relação à matéria branca, o teste mostrou que os sujeitos com vício em internet tinham maior concentração em certas partes do cérebro e menor concentração em outras partes em comparação com o grupo saudável de controle.
O estudo concluiu afirmando que, “nossos resultados sugerem que o vício em internet em logo prazo provoca alterações na estrutura cerebral, o que provavelmente contribui para disfunção crônica em sujeitos com vício em internet.”