A verdade sobre a venda de armas dos EUA para Taiwan

08/01/2016 14:21 Atualizado: 08/01/2016 14:21

Se você acompanhar o que está sendo amplamente divulgado na imprensa, você provavelmente terá a impressão de que os Estados Unidos estão violando algum código internacional, ao obterem um retorno de U$1,83 bilhões (R$7,36 bilhões) com a venda de armas para Taiwan, e que esta transação está, de alguma forma, ligada ao belicismo dos EUA em relação à política chinesa.

Isso, é claro, não poderia estar mais longe da verdade do que nunca; no entanto, dada a proliferação da propaganda do Partido Comunista Chinês (PCC) que influenciou a imprensa ocidental, é necessário esclarecer as coisas.

A NBC News informou, em 17 de dezembro de 2015, que “A China convocou um diplomata sênior dos EUA e ameaçou impor sanções”, após os Estados Unidos anunciarem a venda de armas. O vice-Ministro Chinês para Assuntos Estrangeiros disse que a atitude dos EUA ” …prejudicou severamente a soberania e segurança da China”.

É importante ater-se a uma frase que foi comumente usada em reportagens sobre a venda de armas, indicando os pontos de vista do PCC, que considera Taiwan como uma “província separatista”. O trecho diz que, embora os Estados Unidos não reconheçam formalmente Taiwan como uma nação independente, eles continuam com vendas a preços competitivos para Taiwan como parte de um acordo que começou na década de 1970.

Claro, qualquer pessoa familiarizada com a história chinesa sabe que a situação é um pouco mais complicada.

O governo de Taiwan – formado por nacionalistas, exilados em Taiwan depois da derrota para os comunistas chineses – costumava ser amplamente reconhecido como o governo oficial da China, enquanto o PCC era considerado como sendo um regime ilegítimo.

As Nações Unidas somente mudaram suas relações com Taiwan em outubro de 1971, com a resolução 2758 da ONU,  que transferiu oficialmente o governo da China de Taiwan para a China continental, sob o comando do PCC.

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Mas foi somente em 1º de janeiro de 1979 que os Estados Unidos passaram a reconhecer oficialmente o PCC como governante oficial da China, ao invés do governo de Taiwan.

Em outras palavras, esta história da venda de armas dos EUA para Taiwan, que está sendo lançada com hostilidades contra os EUA pela China, foi, na verdade, exatamente o oposto: os EUA começaram oficialmente a venda de armas para a China democrática, que era (e ainda é) ameaçada por um regime hostil e totalitário.

Diversas mídias dos EUA publicaram estas alegações do PCC relativas ao negócio de armas com Taiwan.  Logo, se o leitor acreditar nessas agências de notícias manipuladas pelo PCC,  a situação parecerá muito pior do que realmente é.  A manchete, publicada na agência oficial de notícias do governo chinês, Xinhua, era a de que o negócio expõe uma espécie de “mentalidade” que atua desafiando as leis e regulamentos internacionais, além de manter uma atitude hostil.

Outras fontes do PCC foram incisivas com relação à transação de armas. Um relatório do CCP’s American Diplomacy Department (Departamento de Diplomacia Americana do PCC), do Institute of American Studies of the Chinese Academy of Social Sciences (Instituto de Estudos Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais), sugeriu que o PCC poderia adotar sanções econômicas contra as indústrias de defesa envolvidas na venda de armas.

O Wall Street Journal publicou uma análise semelhante à da Academia Chinesa de Ciências Sociais. A publicação, feita em 17 de dezembro de 2015, declarava que as “opções para punir empresas americanas envolvidas nas vendas eram limitadas”.

O artigo também sugeria uma possível agenda política do lado dos EUA. É importante notar que  a negociação foi anunciada justamente antes das eleições presidenciais em Taiwan, e no momento em que iria ocorrer um raro debate entre o líder do PCC, Xi Jinping, e o presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou.

No entanto, o contexto real da venda foi bem diferente. Logo, o que o artigo deixou de mencionar foi que o PCC esteve ameaçando Taiwan nas vésperas de suas eleições presidenciais, conforme publicado anteriormente no Epoch Times.

Entre maio e junho, o Exército Popular de Libertação (EPL) do PCC estava realizando exercícios militares abertamente, como forma de intimidar Taiwan. Em uma imagem das atividades divulgadas pela mídia estatal chinesa, oficiais do EPL fizeram alusões a ações militares mostrando  um mapa de Taiwan.

A HS Jane relatou os exercícios militares que coincidiam com a visita de Tsai Ing-wen, candidata do Partido Democrático Progressista de Taiwan, aos Estados Unidos, em 29 de maio de 2015.

O PCC tem se preocupado particularmente com as próximas eleições em Taiwan, pois foi o Partido Democrático Progressista que favoreceu a independência de Taiwan, e está liderando as pesquisas. Na verdade, se as pesquisas forem verdadeiras, Tsai Ing-wen será a próxima presidente de Taiwan, e seu partido político também irá conseguir uma maioria legislativa.

O PCC realizou recentemente um exercício militar na Mongólia Interior, desta vez com uma mensagem mais clara de advertência à Taiwan.

A CCTV, uma das porta-vozes oficiais do PCC, foi ao ar com um vídeo, em 5 de julho de 2015, onde mostra exercícios militares com soldados chineses atacando a réplica  de um edifício do gabinete presidencial de Taiwan.

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O site Quartz informou sobre o vídeo em 23 de julho de 2015, afirmando que “o ataque simulado seria uma maneira de lembrar Taiwan que a China não irá pensar duas vezes em cumprir sua promessa de invadir a ilha, caso esta se declare  independente”.

O National Interest publicou em 16 de julho que os militares do PCC estavam ensaiando invadir Taiwan.

À luz destes incidentes, as forças armadas de Taiwan divulgaram um relatório, em 27 de outubro de 2015, afirmando a sua convicção de que, até 2020, o PCC poderá invadir Taiwan.

Today, um site de notícias de Singapura, publicou:  “A China concluiu a sua planejada ação de forças conjuntas para um envolvimento militar contra Taiwan e está a caminho da garantir a vitória em uma batalha decisiva que ocorrerá até 2020, disse o Ministério da Defesa de Taiwan, no Relatório da Defesa Nacional, lançado em 27 de outubro de 2015. ”

Curiosamente, só depois destes incidentes é que a renovação das vendas de armas dos EUA para Taiwan entrou em jogo.

Em 19 de novembro de 2015, o presidente do Senate Armed Services Committee, John McCain, emitiu uma carta à Casa Branca questionando o motivo dos Estados Unidos não terem continuado com avenda de armas para Taiwan sob a administração Obama, e pediu que os Estados Unidos continuassem com as vendas.

“Estamos preocupados, pois já  se passaram quatro anos – o período mais longo desde a aprovação da Lei de Relações com Taiwan, em 1979 – uma vez que a administração havia notificado o Congresso com relação a um novo contrato de venda de armas”, afirmou a carta.

A carta também dizia: “Continuamos preocupados com a modernização militar em curso na China, e que a ameaça que este fato representa para a paz e a segurança no Estreito de Taiwan não esteja sendo tratada adequadamente.”

Em resumo, percebe-se que as vendas de armas dos EUA para Taiwan são, de fato, bastante diferentes daquilo que tem sido amplamente relatado. Entretanto,  as pessoas não saberiam sobre vários fatos e motivos subjacentes caso se baseassem apenas nas informações e nas mídias comandadas ou influenciadas pelo PCC, as quais primam pela desinformação e não têm escrúpulos no que se refere à distorcer fatos.

 

Pesquisa adicional por Jenny Li.