Os carregamentos de petróleo e de combustíveis da Venezuela para seus aliados caíram para o menor nível em cinco anos, com a fraqueza da economia prejudicando a capacidade do país de manter acordos firmados pelo então presidente Hugo Chávez, oferecendo energia barata para países amigos e expandindo a influência diplomática do país.
Os envios totais sob os acordos de cooperação com países da América Latina e do Caribe caíram 11% em 2013, para 243 mil barris por dia, menor volume desde 2007, segundo dados recentes da petroleira estatal venezuelana PDVSA.
Diversos fatores estão por trás da queda: menor produção de petróleo e economia fraca no país, uma rede de refino doméstica que ainda não se recuperou totalmente de um grande acidente em 2012, sem falar de um acordo financeiro com a China que direciona boa parte do petróleo venezuelano para a Ásia.
Alguns dos países beneficiados com o petróleo barato da Venezuela estão sendo forçados a buscar outras fontes. Nos oito meses até agosto, países da Jamaica à Argentina, que têm acordos de fornecimento com a Venezuela, compraram 140 carregamentos de petróleo, componentes e combustíveis para transporte e geração de energia no mercado livre, segundo informações de leilões. Mais de dois terços deste volume foram para o Equador, um dos mais próximos aliados da Venezuela.
As compras, que apertaram a oferta de navios petroleiros, são bem mais caras que o petróleo obtido nos acordos de longo prazo. Chávez, que governou a Venezuela por 14 anos até morrer de câncer em março de 2013, usava a riqueza petrolífera do país para ajudar aliados e ampliar sua influência na América Latina e Caribe.
O acordo Petrocaribe, assinado por Chávez em 2005, exige dos membros o pagamento de apenas 40% das compras em dinheiro, sendo o restante financiando por 25 anos a juros baixos ou pagos com produtos que variam desde arroz a calças jeans.
Desde então, as exportações do combustível caíram ainda mais e a posição financeira da PDVSA enfraqueceu, limitando sua capacidade de ajudar aliados, embora o sucessor escolhido por Chávez, o presidente Nicolás Maduro, apoiar os acordos.
“O país (Venezuela) está importando bastante combustível para cobrir a demanda doméstica, portanto comprar volumes extras para ajudar aqueles países é insustentável”, disse um executivo de uma grande trading global de commodities envolvida no fornecimento de combustíveis para a Venezuela.