As vendas de bens de luxo na China diminuíram drasticamente em comparação ao ano passado. De acordo com fontes diferentes, roupas, joias, relógios e carros foram todos afetados.
O crescimento das vendas da Burberry na China diminuiu de 67% no primeiro trimestre de 2011 para 16% no primeiro trimestre deste ano.
De acordo com um relatório do Citigroup sobre o crescimento das vendas da loja Prada, a receita gerada pelas lojas já abertas no período fiscal anterior caiu de 40% no ano fiscal que terminou em janeiro de 2012 para 24% no primeiro trimestre que termina em junho de 2012.
O Sina News citou Huang Wenjie, o vice-chefe da Câmara de Comércio da província de Guangdong, que alegou que “a desaceleração da venda de bens de luxo na China é resultado da crise financeira global”.
Pelo menos no caso da Prada, este não é o caso, pois mesmo com a crise, a receita na Europa foi superior em relação ao mesmo período.
Segmento de joias afetado
Um relatório provisório da Chow Tai Fook, a maior joalharia varejista do mundo, reportou uma desaceleração no crescimento das vendas de 61% em 2011 para 16% no trimestre terminado em junho de 2012. A empresa, que gera 57% da receita na China continental e 43% em Hong Kong e Macau, viu uma desaceleração acentuada do crescimento em Hong Kong para 9%. A importante medida do crescimento das vendas para avaliar a demanda real do consumidor foi negativa, -1%.
Observar o mercado de Hong Kong é fundamental, pois nos círculos da elite chinesa, a maioria compra artigos de luxo fora da China. No caso de produtos fabricados na China, eles não gostam da “falta de segurança dos produtos, má gestão, falta de credibilidade, preços e impostos altos”, diz o Relatório do Consumidor de Luxo Chinês de 2012. O documento disse que 73% dos indivíduos compram bens de luxo em Hong Kong e apenas 27% compram mercadorias no continente, devido a estas preocupações. O relatório foi publicado pelo Banco Industrial e pelo Relatório Hurun.
Venda de carros de luxo usados
Um relatório recente da Bloomberg Businessweek diz que outro indicador principal da demanda de luxo está despencando. O preço de um Lamborghini Gallardo 550 amarelo de 2011 usado em Hong Kong custa agora HK$ 2,88 milhão (US$ 371 mil), segundo uma lista online no website 28car.com, comparado com US$ 1,2 milhão por um modelo novo.
“Quanto mais caro o carro, mais fraco o negócio”, disse Tommy Siu da ‘Vin’s Co.’, uma concessionária de carros usados que ele fundou duas décadas atrás, durante o salão da Causeway Bay. “A venda de carros ultraluxuosos foi reduzida pela metade nos últimos dois ou três meses”, disse ele à Businessweek.
O relatório também diz que as vendas de carros novos ainda vão bem, tendo subido 47% no primeiro semestre de 2012 em Hong Kong, mas é a divergência de preço dos usados que é preocupante. Os preços dos automóveis usados são um importante indicador da demanda marginal, pois são normalmente adquiridos por pessoas que apenas começaram a fazer dinheiro grande em relação às pessoas ricas “estabelecidas” que não são tão sensíveis ao preço.
“Compradores de carros usados são mais sensíveis ao preço e os ciclos econômicos afetam mais esses compradores. Eles estão pagando por seus carros com seu rendimento e não com suas economias”, diz Bill Russo, um conselheiro sênior da ‘Booz & Co.’ baseado em Pequim, numa entrevista à Businessweek.
Relógios de luxo em declínio
Um relatório do Citigroup mostra que os varejistas Emperor Watch e Hengdeli esperam uma desaceleração do mercado em receita e crescimento das vendas. Emperor Watch viu seu declínio do crescimento das vendas de 43% em 2011 para 28% em 2012. Hengdeli viu um declínio do crescimento de 30% na China e 25,7% em Macau para uma margem de 15-20% até agora em 2012.
Analistas do Citigroup chegaram às seguintes conclusões, “O mercado começou a fazer factoring em algumas expectativas de menor ímpeto de vendas e margem de erosão […] em ganhos para 2012. Especificamente, varejistas de joias/relógios esperam um menor crescimento das vendas em 2012 e unanimidade sugeriram que pressões de aluguéis e custo de pessoal poderão ser maiores durante o ano.”
Isto é corroborado pelos comentários de investidores. Segundo o ‘Citigroup China Consumer Team’, muitos investidores estão preocupados com o setor de relógio em particular, “Os investidores estavam preocupados com os estoques acumulados na China após a força de exportações de relógios suíços para a China [em abril] […] em meio a comentários de uma desaceleração dos relógios de luxo.”
Além disso, a pesquisa indica que muitos investidores estão mantendo distância dos estoques de luxo chineses, “O ‘China Consumer Team’ reuniu-se recentemente com investidores em Cingapura, nos EUA e na Europa. Os investidores estão preocupados com os riscos do crescimento econômico mais lento do que o esperado e têm rebaixado/reduzido estoques de luxo.”
