Varredura anticorrupção visa centenas de oficiais da segurança pública chinesa

22/02/2013 14:03 Atualizado: 22/02/2013 14:03
Zhou Yongkang, o ex-chefe da segurança pública chinesa (Liu Jin/AFP/Getty Images)

Centenas de oficiais do poderoso órgão do Partido Comunista Chinês (PCC) que controla quase todos os aspectos da segurança nacional foram secretamente detidos na varredura anticorrupção do novo líder chinês Xi Jinping, soube o ‘New Epoch Weekly’ de um funcionário de alto escalão em Pequim. Os objetivos finais desta purgação seriam a prisão do ex-chefe da segurança pública Zhou Yongkang e o desmembramento da organização que ele comandava.

Segundo a fonte, um ex-oficial sênior do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL) entregou cópias de um relatório recentemente ao ex-líderes chineses Hu Jintao e Jiang Zemin, informando-os das prisões em massa no CAPL nos últimos três meses.

O relatório afirma que 453 funcionários de todos os níveis do CAPL foram detidos para interrogatório, incluindo 392 da Secretaria de Segurança Pública, 19 da Procuradoria, 27 do sistema dos tribunais e 10 de agências de segurança não-públicas. Além disso, ele disse que 12 oficiais de alto escalão cometeram suicídio.

A fonte, que está próxima do gabinete de Hu Jintao, disse que o relatório foi feito para chamar a atenção de Jiang Zemin e Hu Jintao na esperança de que eles intervenham e enviem um aviso ao novo líder chinês Xi Jinping e a Wang Qishan, que comanda os esforços anticorrupção do novo governo.

Hu Jintao não deu a conhecer sua posição sobre o assunto, disse a fonte, mas esta se aventurou a dizer que Hu Jintao provavelmente não interferirá nas políticas dos novos líderes do PCC.

A reação de Jiang Zemin também é desconhecida.

Purgação no CAPL

Desde que assumiu a liderança chinesa, Xi Jinping tem repetidamente falado sobre a reforma e a necessidade de erradicar a corrupção no PCC, falando especificamente da necessidade de visar “moscas” e “tigres”. Embora algumas prisões tenham se tornado públicas, eles pareciam dispersas e incapazes de realizar qualquer coisa substancial. No entanto, as prisões secretas em grande escala de oficiais do CAPL sugerem que Xi Jinping escolheu este órgão como seu alvo específico.

A fonte de Pequim disse que muitos observadores acreditam que este é um expurgo do CAPL conduzido pela nova liderança. Muitos oficiais e policiais da segurança pública estão incertos sobre os esforços anticorrupção e as prisões têm causado um grande choque no CAPL e no sistema de “manutenção da estabilidade”, disse a fonte.

As observações da fonte estão em harmonia com o memorando enviado a Hu Jintao e Jiang Zemin, que informou que as operações do CAPL estão em estado de semiparalisação, com moral baixa e pessimismo permeando muitas secretarias.

Fontes disseram ao New Epoch Weekly que a campanha anticorrupção de Xi Jinping pretende demolir o CAPL. Esta organização do PCC tem um orçamento anual de cerca de 700 bilhões de yuanes (112,24 bilhões de dólares) – superior ao orçamento militar da China. Ele controla a polícia civil e militar, o Ministério Público, os tribunais, as prisões, os campos de trabalho, as frentes de trabalho unidas (espionagem) e outros departamentos. O CAPL se tornou tão poderoso a ponto de desafiar os líderes maiores do PCC.

A fonte em Pequim disse que a detenção e interrogatório de tantos oficiais corruptos do CAPL lançavam as bases para a futura prisão de “figuras-chave”, cuja maior delas é Zhou Yongkang, o ex-chefe do CAPL.

No 18º Congresso Nacional do PCC em novembro passado, Zhou Yongkang se aposentou do Comitê Permanente do Politburo e como chefe do CAPL, que ele comandava desde 2007.

Ele vivia em desacordo com Hu Jintao e o ex-primeiro-ministro Wen Jiabao, que foi um mentor na deposição de Bo Xilai, um membro do Politburo que agora espera julgamento. O Epoch Times relatou antes que Zhou Yongkang preparava Bo Xilai para ser seu substituto no Comitê Permanente. Além disso, eles planejavam um golpe de Estado com a intenção de remover Xi Jinping assim que ele assumisse o poder.

Na semana passada, Pu Zhiqiang, um advogado de direitos humanos de Pequim, denunciou publicamente Zhou Yongkang em suas contas do Weibo, chamando-o de “veneno” da sociedade e de “traidor do povo”, que “tem trazido grandes catástrofes para o país”.

Pu Zhiqiang disse à Voz da América (VOA) que a abordagem de Zhou Yongkang sobre a “manutenção da estabilidade” é a principal causa de instabilidade social na China. “Nenhum dos conflitos sociais na China foi realmente resolvido”, incluindo incidentes como o massacre da Praça da Paz Celestial de 4 de junho, a perseguição ao Falun Gong, as demolições forçadas e a destruição ambiental, disse Pu Zhiqiang.

O comentarista Jin Zhentao comentou ao Epoch Times num artigo anterior que o fato de Pu Zhiqiang não ter sofrido retaliação violenta rapidamente indica que Zhou Yongkang não tem o favor de Xi Jinping. Zhou Yongkang provavelmente “será o próximo a ser caçado”, após Bo Xilai ser levado a julgamento, disse Jin Zhentao.

A fonte de Pequim disse ao New Epoch Weekly que o CAPL é um obstáculo para o governo de Xi Jinping, mas removê-lo não é fácil. Atrás dos principais oficiais do CAPL estão aqueles com interesses financeiros no aparato de segurança e alguns ministérios, bem como alguns dos homens mais poderosos no PCC, disse a fonte.

As centenas de recentes detenções e interrogatórios podem ser destinados a prover informação a Xi Jinping, que ele precisa para justificar derrubar um dos grandes tigres do PCC.

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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.