Uma ‘bolha de dívida’ chamada China

21/04/2013 15:12 Atualizado: 21/04/2013 15:12
Turistas observam o pôr-do-sol sobre o distrito financeiro de Pudong em Shanghai em 15 de abril (Mark Ralston/Getty Images)

Debilidade estrutural preocupante

Analistas de mercado e investidores veem o Estado chinês através de óculos cor de rosa acreditando que é um país que ascenderá ao poder econômico. Eles ignoram qualquer sinal de problema, seja a falta de transparência sobre os dados econômicos, a dívida do governo local, os problemas imobiliários, a fraude, corrupção ou interferência política.

“Embora seja verdade que a China teve melhorias dramáticas em sua economia nos últimos 30 anos, nosso ponto de vista foi e continua sendo que a maior parte do ‘crescimento’ da China-‘milagre’ é apenas uma bolha de dívida construída sobre uma débil fundação de corrupção e fraude governamental”, sugeriu um artigo de 21 de março do Gains, Pains & Capital.

Quanto à fraude, o artigo acima afirma que, com base num relatório da Comissão Central de Inspeção Disciplinar (CCID) do Partido Comunista Chinês (PCC), US$ 1 trilhão saiu ilegalmente da China em 2012.

De acordo com artigos recentes da mídia, Xiang Huaicheng, o ex-ministro das finanças da China, indicou num fórum recente que os governos locais na China emprestaram mais de US$ 3 trilhões, enquanto outro artigo de março do Epoch Times cita Lou Jiwei, o novo ministro chinês das finanças, afirmando que a dívida do governo local é de cerca de US$ 1,77 trilhão.

Um artigo de 28 de março no blogue InvestmentWatch cita a Huatai Securities, uma corretora de valores chinesa, afirmando que a dívida do governo local chinês poderia chegar a US$ 2,5 trilhões este ano ou cerca de 30% do PIB da China.

A dívida nacional da China subiu de 19,3% do PIB em 2003 para 22,2% no final de 2012, após um pico de 33,5% do PIB em 2010, segundo o website Statista.

Mais informações sobre a questão da dívida do regime chinês vêm de artigos originados na China. Um artigo de 11 de abril no website Seeking Alpha discute a informação relacionada ao comércio e adverte, “Nunca podemos realmente confiar em qualquer dado que venha da China.”

Concordando com o artigo do Seeking Alpha, um artigo de 21 de março do Gains, Pains & Capital afirma, “Um político chinês de alto escalão admitiu em particular que os dados econômicos da China são uma total ficção.”

Rebaixando a classificação

Esperando até que os mercados chineses fechassem em 9 de abril, a Fitch Ratings, uma agência de avaliação global, anunciou que tinha rebaixado a moeda local de longo prazo da China de AA- para A+, mas manteve o panorama de estável. Em linguagem simples, a qualidade do crédito passou de crédito de alta qualidade para crédito de qualidade mediana. Mas a classificação ainda é considerada como um grau de investimento.

Dois congêneres da Fitch, o Standard & Poors (S&P) e a Moody’s, não mudaram suas classificações da moeda local. O S&P atribuiu AA- em 16 de dezembro de 2010 e manteve a perspectiva estável desde essa data.

A Moody’s elevou a classificação da moeda local chinesa de A1 para Aa3 em maio de 2011, segundo o website Countryeconomy.com. No entanto, em 12 de março, a Moody’s atribuiu “crédito negativo para os governos regionais e locais”, segundo um comentário especial publicado em seu website.

O anúncio da Fitch aponta primeiramente para tudo o que é positivo na China, incluindo suas reservas cambiais, que foram avaliadas em US$ 3,4 trilhões no final de 2012, muito mais do que a denominada dívida em moeda estrangeira da China de US$ 34 bilhões.

No entanto, há uma série de problemas estruturais que aumentam o risco de desestabilização financeira da China, incluindo um mercado nacional impulsionado e dependente de exportações, que simultaneamente minimiza o consumo local na China.

“O processo de reequilibrar a economia em direção ao consumo poderia fazer o desempenho econômico cada vez mais volátil”, afirma a Fitch.

Também problemática é a concessão de empréstimos ao setor privado, que atingiu 135,7% do PIB em 2012. Estimando os empréstimos totais do país, que inclui o sistema bancário colateral, a Fitch afirma que o crédito pode ter chegado a 198% do PIB no final de 2012.

Bancos colaterais são entidades que emprestam dinheiro em curto prazo e investem em ativos de longo prazo. Estas entidades não são instituições depositárias e não são reguladas.

“A proliferação de outras formas de crédito, além dos empréstimos bancários, é uma fonte de risco crescente da perspectiva da estabilidade financeira”, afirma o anúncio da Fitch.

Além disso, a preocupação da Fitch inclui a elevada dívida acumulada pelos governos locais chineses, que foi de 25,1% do PIB ou 12,8 trilhões de yuanes (US$ 2,100 bilhões) no final de 2012. A dívida total do governo chinês atingiu 49,2% do PIB no final de 2012, segundo a Fitch.

Os analistas da Fitch sugerem que a verdadeira dívida do governo local chinês é muito maior do que os números oficiais sugerem se a dívida das empresas estatais locais for incluída. No entanto, a transparência está em questão e, portanto, um número real sobre a dívida do governo local é impossível estimar.

“O caso de uma futura ação de classificação positiva seria reforçada se a China melhorasse a transparência de seus dados oficiais, em particular sobre o endividamento dos governos locais”, aconselhou o anúncio da Fitch.

A Fitch minimizou a importância das classificações da moeda local e afirma num relatório que a classificação nacional é única para cada país e avalia o risco de inadimplência com base no ambiente econômico e político local. A Fitch qualifica seu parecer afirmando que a classificação nacional não “representa uma quantidade fixa de risco de inadimplência ao longo do tempo”, segundo o relatório da Fitch.

A Fitch entrou em ação porque a dívida do governo local do regime chinês é motivo de preocupação para a comunidade internacional de investimento e empréstimo, especialmente porque o montante exato da dívida não é conhecido. No entanto, as reservas cambiais oficiais nos cofres do Estado chinês aliviam um pouco a preocupação manifestada pela comunidade internacional.

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